Mariana encerrará 2022 sem prefeito definido. Após dois anos da eleição, a Primaz de Minas Gerais caminha para o seu terceiro chefe do poder Executivo interino, com Edson Agostinho (Cidadania), conhecido como Leitão, que foi eleito o novo presidente da Câmara Municipal para o biênio de 2023 e 2024. O vereador Juliano Duarte (Cidadania), que esteve no cargo máximo da prefeitura durante um ano e seis meses, manifestou seu desejo em se candidatar, caso haja novo pleito para definir o novo gestor marianense.
“É uma questão jurídica que temos avaliado com responsabilidade, porque, por mais que nós tenhamos vontade, não iremos fazer nada que prejudique a cidade, como foi feito nos últimos anos. Estamos avaliando, se houver a legalidade, existe a possibilidade. Caso contrário, quem sabe em 2024. Se for vontade do nosso grupo e houver aceitação da população, nós não vamos nos furtar da nossa responsabilidade”, disse Juliano Duarte à Rádio Real FM.
O candidato mais votado em 2020, Celso Cota (MDB), não pôde assumir por impugnação. Desde então, ele vem enfrentando batalhas judiciais para tentar reverter esse quadro e assumir a Prefeitura de Mariana. Enquanto isso, o cargo reveza entre membros da Câmara Municipal. O presidente da Casa Legislativa, Juliano Duarte, foi retirado do poder Executivo por determinação judicial, já que ele é irmão do ex-prefeito Duarte Júnior, que governou a cidade por dois mandatos consecutivos. Depois disso, o vice-presidente da Casa Legislativa, Ronaldo Bento (PSB), foi o chefe do poder Executivo. Com o encerramento do biênio, a cadeira segue para Edson Agostinho, que foi eleito o novo presidente do poder Legislativo para o biênio de 2023 e 2024.
“Mais uma vez, a responsabilidade vem para a Câmara Municipal, em virtude da situação política que a cidade vive. Mariana é a única cidade de Minas Gerais que ainda não tem o chefe do poder Executivo definido, em virtude do prefeito eleito ter sido cassado e a administração recair à presidência da Câmara. O Leitão é experiente, tem seis mandatos, mas a população de Mariana almeja que essa situação política seja resolvida definitivamente, porque as trocas são prejudiciais para a administração, cada gestor tem uma forma de administrar, alguns projetos e programas acabam não dando continuidade. A vontade da população e a nossa é de que a situação seja resolvida o mais breve possível e que o Tribunal Regional Eleitoral possa marcar as novas eleições para Mariana”, continuou Juliano Duarte à Rádio Real FM.
Tarifa Zero
O programa que prevê gratuidade no transporte coletivo de Mariana, o Tarifa Zero, foi instituído em fevereiro na cidade, durante o governo de Juliano Durant. Em novembro, foi divulgado um levantamento feito na ouvidoria da prefeitura mostrou que 78% dos usuários dos ônibus disseram ter sentido um impacto positivo em sua vida com a iniciativa.
O Tarifa Zero já foi implementado em 53 cidades do Brasil e a equipe de transição do presidente eleito, Lula (PT), já estuda a implementação do programa a nível federal, incluindo, também, a opção de uso do metrô nas grandes cidades de forma gratuita.
“Continuaremos defendendo o Tarifa Zero, é um projeto social que beneficia muitas pessoas. Hoje, nós estamos chegando a marca de quase 600 mil usuários por mês nas linhas. Ajuda muito a população que depende do transporte público, que não pagará pela passagem e poderá investir um recurso na sua formação e na sua qualidade de vida. Ajuda, também, o comerciante, que não paga mais vale-transporte e acaba fomentando o comércio. O Tarifa Zero aqueceu mais a economia de Mariana, além de ter melhorado, também, a questão da mobilidade, com a diminuição de veículos nas ruas”, afirmou Juliano Duarte à Rádio Real FM.
Situação eleitoral
A “novela” que se tornou a situação eleitoral de Mariana ganhou um novo capítulo. No dia 19, Celso Cota entrou com um novo recurso, após ter uma decisão desfavorável no Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) em outubro. O caso retornará ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela segunda vez.
O recurso interposto tem efeito suspensivo, ou seja, não há possibilidade de eleição direta enquanto o TSE não julgar o recurso. O julgamento não deve ser demorado, pois o tema do recurso é o registro de candidatura e tem preferência aos demais processos, como já determinou o ministro Alexandre de Morais, quando enviou o processo para ser julgado novamente no TRE-MG.
Caso Celso tenha uma decisão favorável no TSE, toma posse imediatamente. Se perder, o TSE determina, após eventuais embargos, a realização de novas eleições diretas em até 90 dias.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.