Vigia da UFOP é desligado por importunação sexual

Vigia da UFOP é desligado por importunação sexual

Uma ex-aluna da Universidade Federal de Ouro Preto, que estudou em um dos campus de Mariana, denunciou um vigia das moradias socioeconômicas da UFOP por importunação sexual nessa quarta-feira (21). O relato da vítima consta que o homem a beijou a força. A universidade desligou o acusado por justa causa e ele responderá pelo crime de importunação sexual em liberdade.

O acusado era vigia das moradias da UFOP, no conjunto 1, desde 2019. A denunciante relatou que ele sempre se apresentou como uma pessoa gentil, que se oferecia para fazer tarefas que não contemplavam sua função, como consertar objetos da casa dos estudantes. A vítima contou que, enquanto aluna e moradora do conjunto, a relação entre eles era amigável, que se cumprimentavam e conversavam no cotidiano.

Na noite de ontem, a ex-aluna da UFOP foi até às moradias para uma confraternização, onde acabou dormindo. No dia seguinte, ela desceu com algumas caixas para jogar no lixo e, quando estava retornando, foi conversar com o vigia.

“Dei bom dia, conversei um pouco e ele mencionou que eu não estava lá mais. Falei com ele que eu não morava mais na casa, que tinha formado e que estava trabalhando. Fiquei sem tempo de visitá-lo e ele me cobrou de eu ir lá para me despedir. Eu falei que estava tudo muito corrido. Ele disse ‘então, vou te dar um abraço de despedida’. Eu o abracei. Aí ele começou de novo, eu falei que tinha compromisso e que precisava sair. Então, ele me pediu um abraço de feliz natal. Eu o abracei de novo. Começou a ficar estranho. Nesse segundo abraço, ele gemeu, beijou o meu rosto e, na hora que fui afastar, ele puxou o meu braço e beijou minha boca. Aí eu afastei, puxei o braço e saí andando. Ele até andou um pouco atrás de mim, pedindo desculpa e dizendo para eu não ficar com raiva dele. Eu só andei rápido, disse ‘não, não’ e saí andando”, relatou a vítima à Rádio Real FM.

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Ao chegar em casa, a ex-aluna da UFOP encontrou com alguns amigos que o apoiaram e a deram direções do que ela poderia fazer. Pouco tempo depois, o vigia mandou a mandou mensagem, falando que se excedeu e pedindo desculpa. Ela fez uma captura de tela do celular e ele apagou as mensagens depois. A vítima registrou uma Boletim de Ocorrência na Polícia Militar (PMMG), entrou em contato com a universidade, o acusado foi desligado de suas funções da UFOP por justa causa e responderá pelo crime de importunação sexual na Justiça.

A vítima perguntou a outros moradores e moradoras se algo parecido já havia acontecido com alguém que reside nas moradias da UFOP. Ela se chocou lendo alguns relatos de comportamento invasivo e abusivo do vigia com outras pessoas. Há relatos de mulheres que tiveram sua privacidade invadida, com perguntas do homem sobre a vida sexual de um casal lésbico, de comentários desnecessários por parte do acusado e até cumprimentos desconfortáveis para algumas mulheres.

“Todo mundo estava muito incomodado, mas sem coragem de falar, porque ele era uma figura muito carinhosa e atenciosa. Todo mundo ficava sem saber se isso era só um traço da personalidade dele ou se tinha um caráter de um assediador em potencial. O que aconteceu comigo ontem foi determinante, que não dá margem para erro. Por isso, eu chamei a polícia e tomei as medidas cabíveis, tanto que ele foi autuado em flagrante”, continuou a vítima.

De acordo com a ex-aluna da UFOP, o vigia é pastor e ex-presidente de uma associação do bairro Cabanas. A figura simpática e de liderança do acusado a preocupa, tendo receio de que ele encontre pessoas vulneráveis para assediar. “Uma coisa que me preocupa é que descobrimos que ele não tem nenhuma passagem pela polícia e nenhuma denúncia envolvendo o seu nome. Ele conhece várias outras pessoas, sempre se vangloriou disso, de ser uma influência e de ser bem quisto em alguns meios. Eu tenho receio da margem que isso dá para ele repetir esse tipo de comportamento com outras mulheres. Se ele se sentiu confortável para fazer isso comigo, que sou uma pessoa que ele conhece em alguma medida e que tenho consciência, tenho receio por outras pessoas que possam ser vulneráveis. Eu quis trazer essa história a público para as pessoas ficarem atentas, não confiarem cegamente nas pessoas, porque se mostram como pessoas boas. É o lobo em pele de cordeiro”, finalizou.

O relato encaminhado à Rádio Real FM foi transmitido ao vivo no programa Manhã Real nesta quinta

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