Há um ano, o deslizamento do Morro da Forca atingiu dois casarões históricos em Ouro Preto. Imagens do desabamento circularam todo o país. O ocorrido não ocasionou vítimas, porém o trânsito próximo à Praça da Estação ficou afetado durante oito meses. Em 2023, com a volta do período chuvoso, o morro voltou a descer, tapumes foram atravessados pela terra e a Defesa Civil interditou o local no sábado (7), proibindo a passagem de veículos e de pedestres.
“Ainda estamos em alerta, porque uma placa pendente se desprendeu com as últimas chuvas e continua se movimentando. Com isso, vários blocos já desceram e a perspectiva é que ela venha abaixo com a chuva muito intensa. Por isso, a área continua completamente interditada, o risco é muito grave”, declarou o geólogo da Defesa Civil de Ouro Preto, Charles Murta, ao Jornal Galilé.
Os órgãos competentes aguardam um tempo de estiagem maior para que o solo drene a água que está encharcando o solo, causando grande risco de se fazer qualquer intervenção no Morro da Forca. As previsões do tempo são um pouco animadoras, já que o índice pluviométrico previsto para descer em Ouro Preto é de no máximo 10mm nos próximos sete dias.
Comerciantes que têm seus estabelecimentos próximos ao Morro da Forca, que preferiram não ser identificados, relataram diminuição no fluxo de clientes. Um afirmou ter caído em 60% e outro em 80%.
A interdição no local também tem causado sérios transtornos à população que utiliza de automóveis para trafegar pela cidade. Trajetos sentido ao centro de Ouro Preto, que antes durariam 10 minutos, agora duram até 30 minutos.
“Está um caos total. O trânsito está indo todo pelo Pilar ou então tenho que dar a volta pela BR. A cidade já tem pouco estacionamento, com isso, dificulta mais ainda. A volta é grande, principalmente quando chega na Barra que afunila demais. Agarra tudo, porque o trânsito vai todo para lá, não há outra saída. Todo mundo terá que passar pelo Pilar para ir ao centro. Se tiver que ir na rua São José, terá que parar antes ou dar uma volta gigante para conseguir encontrar algum lugar para parar. Então, atrapalhou demais”, relata Chrystian Mendes, morador do bairro Bauxita, ao Jornal Galilé.
Intervenções
Em 2022, após a estiagem, uma empresa, chamada Destroy Desmonte, foi contratada para fazer a retirada de terra do Morro da Forca nas vias próximas à Praça da Estação, no valor estimado de R$ 5 milhões. As obras duraram até agosto, porém, um talude sempre esteve cercando o morro. A intensão do poder público era de construir uma praça onde se encontrava o Casarão Baeta Neves, que foi atingido pela terra. Porém, com a volta do período chuvoso, os planos tiveram que ser adiados.
Casarão Baeta Neves
O casarão do século 19, conhecido como Solar Baeta neves, foi destruído pelo deslizamento do Morro da Forca. De acordo com o prefeito de Ouro Preto, Angelo OSwaldo (PV), o lugar foi a primeira construção de estilo neocolonial da cidade.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o imóvel era de uma família de comerciantes às margens do Córrego do Funil, próximo à Estação Ferroviária. Os registros históricos apontam que o terreno foi comprado pela família Baeta Neves em 1890 e a construção do imóvel aconteceu dois anos depois. A casa tinha pisos em marchetaria e teto em madeira feitos à mão.
De acordo com a secretária de Cultura e Turismo de Ouro Preto, Margareth Monteiro, 80% do que tinha de mais valor no casarão foi resgatado e que a pasta está em contato com o Ministério Público vendo a possibilidade de elaboração de uma exposição itinerante para mostrar o que foi o Baeta Neves. Além disso, edificações culturais em restauração na cidade podem receber peças do imóvel que foi desmoronado pelo Morro da Forca.
O que nós vimos aqui é um número maior de objetos importantes para arquitetura neocolonial que estão sendo recuperados, esses objetos serão exibidos em uma grande exposição do que foi o Solar Baeta Neves, possivelmente distribuídos em algumas construções do município”, declara Margareth Monteiro.
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Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
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