América: Enquanto mulheres estavam proibidas da prática do futebol no Brasil, clube fazia homenagem a torcida feminina em seu hino

América tem hino com versos em homenagem as mulheres

Os times de futebol possuem um patrimônio incalculável. Não falo, nesse momento, dos milhões que transitam pelos cofres todos os dias. Dessa vez, trago os hinos, em precisão, o do América. São esses cânticos que contam as glórias e a honra do clube, ecoados alto por toda a torcida, em jogos decisivos, fases ruins e qualquer outro contexto que envolva um torcedor ou torcedora apaixonados. Quando uma criança chega à família, uma das primeiras coisas, tenho certeza, que você fã de futebol o ensina ou a ensina a cantar o hino.

No Brasil, as mulheres foram proibidas de jogar futebol, pasme, por lei. Todavia, torcer era, e ainda é, um ato de resistência nesse universo, jogar nem se fala. Em 2019, a ONU fez um comparativo. Lionel Messi recebe em um ano o dobro do pagamento que as 1.693 jogadoras das principais ligas do mundo recebem juntas no mesmo período.

O argentino receberia US$ 84 milhões (R$ 320 milhões), enquanto as atletas receberiam, juntas, US$ 42,6 milhões (R$ 162 milhões). Dados de 2022 do portal Guia de Carreiras, apontam que um jogador de futebol masculino ganha, em times não expressivos, em média, R$7.460,54 por mês. Em contrapartida, futebol feminino, a média salarial mensal entre as jogadoras é de R$4.697,68. Estes são os valores nacionais.

Em 1941, o presidente Getúlio Vargas proibiu a prática de desportos por mulheres. A justificativa? Que não é da natureza feminina tal feito. A proibição só foi encerrada em 1979 e a prática do futebol feminino liberada, apenas, em 1983. Ou seja, enquanto a seleção masculina conquistava as copas de 1958, 1962 e 1970, as mulheres estavam proibidas de realizar a prática.

A torcida feminina do América é demais!

A essa altura, você, que está lendo, deve estar se perguntando: mas e o América, título deste escrito? Trouxe todos esses dados para trazer esse fato, agora. Acompanhe comigo um pouco da história.

Aos 1m3s do Hino do Coelho, é versado: “sua torcida feminina é demais”. O hino do América Mineiro foi composto por Vicente Motta, torcedor do Atlético/MG, um de seus maiores rivais. De acordo com Vânia Mota, filha do compositor, em entrevista a Deezer, ele foi escrito entre 1969 e 1970 a pedido de um dos diretores do time. A letra enaltece o deca campeonato alviverde e sua trajetória, como característica dos hinos.

No mês da mulher, é importante relembrar esse feito, pioneiro, e, em minhas pesquisas único, até o momento, no Brasil. Em outras palavras, enquanto a mulher tinha uma participação limitada na sociedade e no esporte, os versos do coelho a mencionava cerca de 13 anos antes de a lei ser extinta.

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Porém, contudo, entretanto e todavia…

A letra do hino traz uma lembrança a elas que, com muito amor, torcem e jogam pelos seus times. Mas, sabemos que um verso no hino, não resolve as disparidades latentes nas arquibancadas e nas quatro linhas. As ações efetivas e direito a segurança sobressaem a qualquer outra coisa, temos ciência. Que a cobrança por um mundo justo persista também no futebol, para que mais e mais times se lembrem e enalteçam as mulheres que fizeram e fazem parte da sua história. Contra a Tombense, pela oitava rodada do campeonato mineiro, a entrada para mulheres foi gratuita.

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