O dia primeiro de maio de 2024, dia do trabalhador, na comunidade de Botafogo, em Ouro Preto- MG, entrou para a história, visto que a localidade foi o destino escolhido para receber a 32ª Romaria dos Trabalhadores da Arquidiocese de Mariana. Com organização da Dimensão Sociopolítica da Evangelização, o evento neste ano teve como tema “Terra e água, dom de Deus, direito humano, fonte de justiça e vida!”.
Aproximadamente 1500 trabalhadores e romeiros de diversos municípios como Acaiaca, Barra Longa, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Itabirito, Mariana, Ouro Branco e Ouro Preto.
A Romaria reuniu movimentos sociais e marcou um importante encontro de lutas tendo representantes de sindicatos de professores, técnicos em educação, trabalhadores metalúrgicos, movimentos negros e LGBTPQIAP+, atingidos por barragens, garimpeiros tradicionais, associações de moradores, em defesa da moradia e, em especial, a própria comunidade de Botafogo, que vem travando uma luta contra a possibilidade da chegada da mineração industrial em breve na localidade.
Entre os políticos presentes estiveram o deputado estadual Leleco Pimentel (PT) o deputado federal Padre João (PT), a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL) e o vereador em Ouro Preto, Kuruzu (PT).
Mineração predatória em foco na 32ª Romaria:
Nos últimos anos a comunidade de Botafogo anda apreensiva com a possibilidade da chegada da mineração industrial no território. Essa apreensão aumenta uma vez que as informações estão confusas e não há a devida transparência esperada pelos órgãos públicos que conhecem e fazem parte desse processo que poderá ou não autorizar o início ou não dessas empresas no território.
Assim, a escolha do local para a realização da Romaria acabou vindo nesse momento em que a comunidade clama por união de forças contra a exploração mineral em sem entorno e serviu como importante momento de fala e foi um grito, de todos os envolvidos na Romaria, contra esse modelo de mineração, não só em Botafogo, mas como também em outros territórios em Minas Gerais e no Brasil.
O jornal Galilé conversou com a Líria Barros, uma das lideranças da comunidade de Botafogo nessa luta contra a mineração no território, que demonstrou a sua alegria e esperança com esse evento acontecendo na localidade.
‘’Foi muito bom para a comunidade, trouxe muita união, muita esperança para a luta pela preservação do nosso território, pela preservação da água, da mata, atlântica e da cultura da nossa comunidade, que é uma das mais antigas aqui da região de Ouro Preto. E essa união, essa luta pela preservação da vida, contra a mineração que está tentando se implementar aqui no nosso território, é muito especial para toda a comunidade, para todo mundo que está aqui participando’’.
A da greve da educação federal em 2024 também foi pauta na 32ª Romaria, e em conversa com o Ricardo Eugênio, um dos representantes do Sinasefe, entidade que representa os professores e técnicos administrativos do Instituto Federal de Educação, Ricardo comentou sobre a greve atual e a importância dos representantes da educação nas lutas coletivas:
‘’Nós estamos vivendo agora o momento de greve, onde a pauta principal é reestruturação da carreira dos docentes e dos técnicos administrativos, mas nós queremos também a reestruturação dos institutos federais, que estão passando por um momento muito difícil, de falta de verba, então é importante que todas essas lutas se somam. De toda forma, não tem nenhuma luta onde a educação possa estar de fora, então nós enquanto’’.
O Padre Marcelo Santiago, ao final da Romaria, em conversa com o Galilé comemorou o resultado da edição 2024 e fez um balanço sobre os objetivos e resultados da Romaria. Confira os principais pontos abaixo:
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A importância da 32ª Romaria:
‘’Muito importante essa 32ª Romaria Arquidiocesana dos trabalhadores e dos trabalhadores, porque ela envolveu as comunidades, especialmente a comunidade de Botafogo que nos acolheu nessa manhã, os organismos sociais, várias entidades que se somam trazendo as suas bandeiras de luta. Foi uma manhã bonita, de confraternização, de partilha e de aprofundamento nas grandes lutas que move o nosso povo. Isso nos faz compreender que aqueles que nos governam têm que ouvir mais o clamor que vem das ruas, que vem das comunidades, e nós entendermos que é unidos e organizados, de um jeito popular, é que nós iremos conseguir alcançar as grandes mudanças e transformações.’’
A Romaria como espaço de fé e política em defesa da vida e dos direitos trabalhadores e trabalhadoras:
‘’A Romaria se coloca nessa perspectiva da vida em primeiro lugar, contra todo um projeto de morte, que entendemos seja o projeto da mineração predatória e da situação. Também da flexibilização das leis trabalhistas que vão de encontro para explorar a figura do trabalhador e da trabalhadora. Estamos defendendo a vida, a dignidade do trabalhador e da trabalhadora.
Estamos nos empenhando também para que o Estado cumpra a sua função social, inclusive que as estatais possam ser também mobilizadoras de um caminho de políticas públicas que possam trazer mais inclusão social, mais mobilização e participação popular, mais condições de vida para todos a partir do pequeno. É isso que a Romaria vem dizer, terra e água, dons de Deus, direito humano, fonte de justiça e de vida’’.
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Economista, diretor do Instituto Galilé. Escreve no jornal Galilé sobre temas diversos como economia, cultura, política e esportes.