O anúncio da cobrança de água pelo consumo em Ouro Preto reascendeu de vez o assunto “Saneouro” na Cidade Patrimônio, inclusive na Câmara Municipal. Na terça-feira (4), o vereador Júlio Gori (PSC) mencionou seu interesse em propor o impeachment do prefeito Angelo Oswaldo (PV) pelo fato do chefe do poder Executivo não ter tirado a empresa da cidade, conforme foi prometido em sua campanha.
“Chegou a hora dos dois picaretas (Júlio Pimenta e Angelo Oswaldo) pagarem o preço, não é a população que vai pagar não. É o que trouxe e o que prometeu tirar. Impeachment. Se você não tirar, essa Casa tem que fazer o seu impeachment”, disse Gori.
Júlio ainda sugeriu ao seu companheiro de Plenário, Wanderley Kuruzu (PT), para que um novo acampamento seja feito, junto da Ocupação Chico Rei, em frente à casa de Angelo Oswaldo.
“Eu sugiro ao Kuruzu que o acampamento seja em frente à casa do prefeito, com a presença dos vereadores, porque aí nós vamos defecar na casa dele. Tudo o que precisar fazer, nós vamos fazer na casa do prefeito. Na Praça Tiradentes não vai dar o impacto. Na porta da casa do prefeito sim. Nós vamos literalmente ir na privada da realeza, com a ocupação do Kuruzu. Isso que tem que ser feito. Nós vamos ter que entrar com o impeachment. Nós vamos acampar na porta desse mentiroso, desse picareta que não está escutando grupo de trabalho, que tem um procurador mentiroso”, declarou.
O vereador Alessandro Sandrinho (Republicanos) discordou da ideia de Júlio Gori, dizendo que o impeachment não resolveria o problema envolvendo o serviço de saneamento de Ouro Preto.
“Todo mundo sabe da gravidade do problema da Saneouro, sabe que o prefeito prometeu tirá-la e a gente tem que ter responsabilidade na Casa de falar que ele fez a promessa, mas que não é simplesmente tirar, porque a empresa volta através da justiça. Precisamos ter coerência nas palavras. O Impeachment é muito importante, mas tem que ver, ele tem que conquistar voto e saber se realmente é assim. Será que simplesmente tirar um prefeito resolve o problema da Saneouro? O problema do povo, hoje, chama-se ‘Saneouro’, não é tirar um prefeito e colocar outro que vai resolver. Precisamos nos dar as mãos nesse momento para saber qual a melhor forma de conduzir esse processo para mudar essa história. Não é crucificar o Júlio Pimenta, que trouxe essa empresa, e nem crucificar Angelo Oswaldo que eu vou resolver o problema”, posicionou Sandrinho.
Já o vereador Luciano Barbosa (MDB) chegou a sugerir a mencionar a possibilidade da população ouro-pretana tirar a Saneouro junto do prefeito. “A população foi às urnas e votou no Angelo Oswaldo para prefeito de Ouro Preto, com a promessa de tirar a Saneouro. Será que a população vai ter que voltar às ruas para tirar a Saneouro com Angelo Oswaldo junto? Nós não podemos cobrar da população essa conta de novo, já que é esse o problema. Temos que cobrar do Angelo Oswaldo, esse ‘Pinóquio’ que não tem coragem de se manifestar a favor ou contra e mostrar o que vai ser feito”, declarou.
Por fim, Kuruzu, que foi mencionado por Júlio Gori, preferiu sugerir a união dos grupos políticos para tirar a Saneouro da cidade, seguindo o exemplo das comunidades dos bairros Vila Aparecida, São Cristóvão, Pocinho e dos distritos de Santa Rita, Antônio Pereira, Santo Antônio do Salto e Rodrigo Silva, que impediram a concessionária de instalar hidrômetros, o que adiou a cobrança de água pelo consumo por mais de um ano.
“O povo tem o poder de tirar a Sanoeuro. Quem duvida da força do povo é porque está a favor da Saneouro. Só não está cobrando desde julho do ano passado, porque o povo desses bairros e distritos não aceitou. Se Ouro Preto inteiro não aceitar, ela vai embora. Desde o princípio nós dissemos que vai tirar, mas para tirar precisa juntar todo mundo, não importa se é Angelo Oswaldo, Júlio Pimenta ou Zé Leandro”, comentou Kuruzu.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.