Semana da Diversidade em Mariana: documentários emanam a força do amor e da identidade

Semana da Diversidade em Mariana: documentários emanam a força do amor e da identidade

Um transbordar de amor, coragem e liberdade preencheu o Cineteatro de Mariana na exibição de duas peças que abordam temas envolvendo luta e busca pela identidade. Graças à Semana da Diversidade “Respeito aos modos de ser!”, organizada pelo coletivo Mães da (R) existência, Movimento Negro de Mariana e a Prefeitura de Mariana, foram apresentados os documentários “Bixa Travesty” e “Trajetórias: vivências e experiências de LGBTQIA+ no município de Mariana”.

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Olhos lacrimejando e sorrisos no rosto. Foi assim nos intervalos de cada documentário. O público riu, chorou, cantou junto e se identificou com as palavras de cada personagem. As falas trafegavam pela profundidade dos sentimentos humanos, pela investigação das vontades e manifestação dos desejos. Mas também falavam do trivial, do abraço de uma mãe marianense em um filho que se assumiu gay, no banho da Linn da Quebrada com sua mãe, nas cenas de Liniker cozinhando estrogonofe. Da profundidade do ser ao ser de fato no mundo.

E as pessoas são no mundo de fato, mostrando como amar precisa acontecer para que a vida faça sentido. Alguns dos momentos mais fortes são, na verdade, trechos de carinho, de cuidado de Linn e Jup do Bairro, por exemplo, ou uma declaração de amor de um casal apaixonado. Ambos os filmes mostram como o afeto pode ser a manifestação mais pura e necessária do ser humano. Somos humanos porque amamos.

Isso explica a fala de Matheus, vice-presidente do coletivo Mães da (R) existência, trazendo o existencialismo para comentar um pouco sobre “Bixa Travesty”. As cenas de ambos os filmes falam dessa relação do ser com o mundo e do mundo com o ser.

Os dois filmes trafegam pelas mesmas temáticas, mas de maneiras distintas, contudo, ainda sim, tocantes e inspiradoras. “Trajetórias” tem uma construção mais clássica e traz depoimentos extremamente tocantes sobre a vida de pessoas LGBTQIA+ na cidade. Mas, para além da localidade, as pessoas expõem as questões que engendram o descobrimento do diferente dentro de si e o anseio por se libertar e fazer parte do mundo da maneira que quiser. Um dos momentos mais tocantes foi quando uma mãe relatou o processo de “morte” da sua filha quando seu filho se assumiu trans, com cinco anos de idade. O menino escreveu uma carta para a menina que se foi, dizendo: “Obrigado por me deixar viver”.

Em “Bixa Travesty”, as performances de Linn nos palcos impressionam, mas não tanto quanto suas palavras ao falar da subjetividade da sua relação com o mundo. A complexidade dos seus afetos é abordada de maneira sensível e extremamente bem-humorada. Algumas cenas são esteticamente hipnotizantes e outras são verdadeiros socos que ela desfere contra o machismo e o sistema que impede que pessoas trans tenham expectativa de vida maior que 35 anos.

Suas cenas no hospital com câncer são fortes, mas não por demonstrarem fragilidade e sim por transbordarem seu corpo artístico em performances de dança. Sua força inspira, assim como sua risada e sua história. Bem como a história do casal lésbico marianense que inspira pelo amor que transmite, sob sorrisos e declarações, com a igreja São Pedro ao fundo, montando um quadro.

Matheus se mostrou extremamente contente por conseguir realizar essa exibição, mas disse que é apenas o começo. Sua expectativa é que a 1ª Semana da Diversidade “Respeito aos modos de ser!” se transforme em algo duradouro e com reflexos reais no dia a dia de Mariana.

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“Nós estamos num processo de desconstrução cultural civilizada, religiosa, política e engajada em não pensar em políticas públicas para minorias. Então a gente tem que desconstruir isso aos poucos e construir essas políticas voltadas para a cultura, o esporte, o lazer, mas que de fato tenham abertura para as pessoas pretas, as pessoas trans, que possuem algum tipo de deficiência. Enfim, é esse público que precisa estar adiante nesse engajamento. E essa semana da diversidade é só o começo. Nós queremos trabalhar o ano todo, a gente quer trabalhar com temas relevantes como o setembro amarelo e o janeiro branco, entre outros”, disse Matheus ao Galilé.

Vale destacar que a exibição de “Trajetórias: vivências e experiências de LGBTQIA+ no município de Mariana” foi uma surpresa para o público que foi ver Linn. O lançamento oficial da peça produzida acontece hoje (17), no mesmo Cineteatro, no encerramento oficial da Semana da Diversidade. A cerimônia começa a partir das 18h.

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