O prefeito interino de Mariana, Ronaldo Bento (PSB) declarou, em entrevista à Rádio Real FM, que não irá se candidatar a presidente da Câmara Municipal ou a prefeito em uma possível eleição. Ele foi eleito como segundo vereador mais bem votado, com 1.360 votos, mas acabou assumindo o cargo de chefe do poder Executivo por conta do imbróglio eleitoral da cidade, em que o nome mais votado, Celso Cota (MDB), não pôde assumir o cargo na prefeitura por impugnação e o presidente da Casa Legislativa, Juliano Duarte (Cidadania) foi tirado da cadeira na Justiça por ser irmão do ex-prefeito, Duarte Jr, que havia finalizado o seu segundo mandato seguido.
Na Câmara de Mariana, o regimento interno diz que não se pode concorrer à mesa diretora ao mesmo cargo. Assim, Ronaldo Bento não poderia concorrer a vice-presidente novamente, mas de presidente sim. Porém, ele já manifestou que não pretende se candidatar à presidência da Casa Legislativa, lugar que poderia colocá-lo como prefeito interino novamente e dar continuidade ao trabalho que exerce atualmente.
“Eu posso (me candidatar a presidente da Câmara), mas não o farei. Com relação a ser candidato, eu não entrei na política de Mariana com fito a concorrer cadeira do Executivo, mas sim do Legislativo. Assim que eu pretendo. Não tenho nenhum interesse e não serei candidato a prefeito. Eu tenho interesse de contribuir com Mariana, como venho contribuindo no Legislativo. São duas questões totalmente adversas, em um eu fiscalizo e proponho lei, no outro eu executo. O nosso interesse é que a gestão do Executivo seja feita com todos os vereadores. Os vereadores estão à frente do Executivo a quase dois anos, com Juliano e comigo, nós temos que ter todos os outros 15 vereadores opinando nas diretrizes que devemos fazer para a cidade crescer. Não há interesse meu em dar continuidade no Executivo, não fui eleito prefeito e não pretendo em extemporânea candidatar a prefeito”, declarou Ronaldo Bento.
O prefeito interino de Mariana adiantou ainda que alguns nomes estão sendo ventilados para ser candidatos à presidência da Câmara Municipal. Ronaldo espera que o próximo nome assuma a responsabilidade pelo bem da cidade e não pensando em grupo político.
“O que eu posso dizer, com exceção do companheiro Juliano que não pode ser candidato à presidência da Câmara, todos os 14 vereadores que venham a compor a presidência da Câmara, tem condição de representar muito bem a cidade. O que eu espero é que qualquer um que assuma, tenha o mesmo comprometimento de pensar no bem maior da nossa sociedade. No momento de se pensar uma política para quatro anos, você entra com todo o seu grupo político. Mas em um momento de extemporânea, muita das vezes não dá para escolher aquilo que eu quero para não fazer um atraso na gestão”, disse.
Prefeito “no susto”
De forma descontraída, Ronaldo contou como recebeu a notícia de que seria o novo prefeito interino de Mariana. No dia 30 de junho, por volta das 11h40, ele estava saindo da Câmara para almoçar em casa e depois voltaria para um compromisso na Casa Legislativa, quando foi surpreendido por uma ligação dizendo para que ele fosse à prefeitura, pois era o novo prefeito. O então presidente do poder Legislativo levou um susto com a notícia.
“Eu falei ‘mas como assim?’ Naquele momento, eu olhei para o meu relógio e vi meu batimento cardíaco que estava de 100 a 115. Liguei para o nosso advogado e ele falou que não estava sabendo, mas fez uma consulta e viu que realmente o Tribunal Superior Eleitoral mandou retirar o presidente Juliano, que estava conduzindo o Executivo, e, assim, mandando dar posse o vice, tendo em vista que entenderam que o vereador e ex-prefeito Juliano tinha uma sucessão reflexa por causa de seu irmão, que governou a cidade por dois mandatos. Foi algo que precisamos fazer um pensamento rápido, pedir a condução a Deus para que tivéssemos um pensamento voltado para a cidade e não um pensamento político para, assim, fazer as ações para que a nossa cidade continuasse evoluindo à medida daquilo que a nossa população almeja, sem politicagem e sem política retrógrada. Assim estamos fazendo para atender a perspectiva, mas confesso que não estava no planejamento e assumi uma determinação do TSE de estar ali cumprindo a vacância do cargo”, contou.
Mesmo “no susto”, Ronaldo Bento precisou superar a falta de tempo para organizar um plano de governo e uma equipe de secretários para assumir o cargo. Ele manteve a maioria do secretariado que já estava trabalhando com Juliano Duarte e fez apenas mudanças pontuais que entendeu serem necessárias.
“A primeira coisa que o gestor público tem que pensar é no bem maior, que é a nossa coletividade. Num segundo norte, ele vai pensar na política. Pensando na coletividade, eu chamei todos os secretários, assim que tomei posse, e solicitei a todos que tocassem o barco. Disse que precisávamos trabalhar, que se estavam trabalhando a 110 km por hora, eu preciso de 240 km, porque eu precisava dar uma resposta a nossa sociedade. Fiz algumas mudanças pontuais que entendíamos que precisavam ser feitas para a cidade girar dentro de uma visão política da nossa gestão, mas sem mudanças abruptas para interrompermos o direcionamento dos trabalhos que estavam sendo feitos, cumprindo também o princípio da continuidade naquilo que é bom para a sociedade e abrimos frente de trabalho que nós entendemos que o governo poderia abrir”, relatou Ronaldo Bento.
Por fim, o prefeito interino de Mariana disse que seu interesse é coletivo e que não tem vaidade em apresentar uma obra que o seu antecessor, Juliano Duarte, começou. Ele disse também que não quer ser lembrado por politicagem, mas sim de fazer a cidade continuar girando, sem jogos da “velha política”.
“Eu tenho compromisso com a coisa pública para terminar para que não tenhamos obras faraônicas como temos em Mariana e em várias cidades por vaidade particular. Temos algumas licitações em andamento. Se assim cumprir com o que é determinado pela nossa legislação, 31 de dezembro eu saio, 1º de janeiro teremos um novo presidente da Câmara, se não tiver nova eleição ou Celso Cota assumir. Eu preciso deixar e apresentar ao novo gestor as nossas ações e aquilo que deixamos encaminhado, caso ele queira cumprir com o princípio da continuidade. O meu interesse não é de aparecer, é de fazer a cidade continuar girando, em uma política diferenciada da que nós tivemos no passado. Se faz uma troca abrupta para recomeçar, Mariana não permite mais esse tipo de ato truculento e afrontoso a nossa democracia e aos direitos da nossa sociedade”, finalizou.
A entrevista da Rádio Real FM com Ronaldo Bento pode ser conferida na íntegra, clicando aqui.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
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