Pimentel chama Zema de mentiroso e diz mineiros não acharam seu governo tão ruim

Pimentel rebate Zema e diz mineiros não acharam seu governo tão ruim

O ex-governador de Minas Gerais e atual candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, Fernando Pimentel, concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal Galilé na manhã de quinta-feira (1), no dia da reestreia do portal. Na ocasião, o político aproveitou para esclarecer as várias dificuldades que seu governo enfrentou à frente da governança estadual e se defendeu dos diversos ataques que o governador Romeu Zema (Novo) tem feito a ele durante a campanha eleitoral.

“O governador atual passa do limite. Ele tem uma obsessão, porque é o tempo todo ele se refere a mim, ao PT e, em três anos e meio à frente do Governo do Estado, ele não consegue falar o que ele fez, certamente porque não fez nada e continuou voltando ao tema de um governo que terminou e que, segundo ele, foi muito ruim. Não é o que os mineiros acham. Pelo menos, 2,2 milhões mineiros votaram em mim em 2018. Então, eles não acham que o governo era tão ruim, isso é 3% do eleitorado mineiro. E muitos outros que, mesmo não votando, não concordam com esse tipo de atitude do governador que, ao invés de prestar contas do governo dele, fica se referindo ao passado, como se ele estivesse disputando a eleição de 2018, mas nós estamos em 2022. O povo quer saber o que ele fez e não o que o Pimentel deixou de fazer na opinião dele”, declarou Pimentel.

Fernando Pimentel contou que quando assumiu o Governo de Minas Gerais, o estado tinha um déficit de aproximadamente R$ 8 bilhões, diferente de Zema que, além de ter uma arrecadação maior, conseguiu se beneficiar de uma liminar do Supremo Tribunal Federal, conseguida no fim do mandato do candidato a deputado federal pelo PT, para não pagar a prestação da dívida do estado com a União. Dessa forma, o governador conseguiu equilibrar as contas do estado.

“Segundo o governador, as contas foi equilibradas pelo beneficiamento de uma liminar que tivemos no Supremo Tribunal Federal, no final da minha gestão, que possibilita ao governo não pagar a prestação da dívida do estado com a União. Isso dá, mais ou menos, de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões, chega perto dos R$ 8 bilhões, que é o déficit. Com isso, acabou o déficit, mas de forma fictícia, porque ele não está pagando, porque tem uma liminar”, explicou o candidato.

O déficit orçamentário do estado, quando Pimentel assumiu, em 2015, segundo ele, surgiu por um desequilíbrio financeiro causado pela previdência pública, ou seja, a folha de aposentados de Minas Gerais é muito pesada e o orçamento não consegue bancá-la. Segundo o candidato a deputado federal, na sua época como governador, o custo da previdência era de R$ 16 bilhões, o estado arrecadava de R$ 5,5 bilhões a R$ 6 bilhões por ano de contribuição patronal e trabalhista, mas pagava R$ 22 bilhões de salário aos aposentados.

Ainda de acordo com Pimentel, nos seus três primeiros anos de governo, foram arrecadados R$ 264 bilhões, quase R$ 40 bilhões a menos do que Zema arrecadou de 2019 a 2021. Entretanto, para o candidato a deputado federal, a diferença não parte da eficiência do atual governador em arrecadar, mas parte da subida dos preços de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), que é responsável por 80% da receita do estado.

“Se me dessem esses R$ 40 bilhões, mais os R$ 20 bilhões que ele economizou não pagando as prestações, o governo tinha sido um sucesso. Tudo isso, fora o acordo da Vale em Brumadinho”, comentou.

Para resolver a questão da dívida com a União, Romeu Zema pretende aderir ao Regime de Recuperação Fiscal, que, para Fernando Pimentel, é um desastre para Minas Gerais, pois a medida se compromete em ficar nove anos sem contratar novos servidores e sem dar aumento de salário, além de transferir a administração financeira do estado para uma comissão composta por três pessoas: uma indicada pelo Ministro da Fazenda, outro indicada pelo Banco Central e o outro que é o secretário de Fazenda de Minas Gerais.

“A minha esperança, quando fui eleito e a presidente era a Dilma, era que iríamos conseguir uma boa negociação com o Governo Federal, repactuando a dívida do governo com a União, reduzindo as parcelas e esticando o prazo. Não foi possível porque tiraram a Dilma. No primeiro ano ela não conseguiu governar, porque era as tais ‘pautas bomba’ que o Eduardo Cunha aprontava, e no início do segundo ano de mandato ela foi ejetada da cadeira de presidente pelo golpe”, explicou Pimentel.

Sobre as alegações populares de que o ex-governador não pagava o salário os servidores e dava “calote” ao repassar recurso aos municípios, Fernando Pimentel disse: “Eu governei sem dinheiro, o que é a pior coisa do mundo. Nós não demos calote em município nenhum e nem nunca atrasávamos salário, nós pagávamos parcelado. Eu não tinha dinheiro para pagar no quinto dia útil do mês e pagava no 15º ou no 20º, mas dentro do mês subsequente do mês trabalhado”.

Debate com Zema

Fernando Pimentel não poupou críticas a Romeu Zema, dizendo que o governador mente o tempo todo e não segue adiante com os problemas que Minas Gerais enfrenta atualmente. “Quando nós assumimos o estado, o estado já estava muito mal financeiramente. Os governos anteriores deixaram ele muito mal e eu deixei isso muito claro nos primeiros três meses. Nós fizemos uma auditoria das contas do estado e apresentamos as contas, dizendo que aquilo tudo tinha sido herdado das gestões do PSDB, Aécio e Anastasia. Encerrou aí o meu acerto de contas com o passado. Eu não fiquei três anos e meio falando mal do governo Anastasia ou do governo Aécio, porque não é isso que o eleitor mineiro quer. Você apresenta as contas, mostra como está ruim e depois ‘bola para frente’. O Zema fica o tempo todo remoendo esse negócio e falando mentiras. Ele mente o tempo todo”.

Fernando Pimentel chegou a convidar Romeu Zema para um debate, em entrevista ao Jornal Galilé. “O governo é para resolver problemas e não para ficar empurrando o problema para o passado. Eu quero saber qual problema o Zema resolveu, eu acho que nenhum. Como ele fica mentindo reiteradamente sobre mim, sobre o meu governo e sobre o PT, eu, quarta-feira passada, o desafiei para um debate, mas até agora ele não respondeu. Espero que ele tope esse convite”.

Por fim, Pimentel falou mais sobre a crise política que o seu governo e o PT como um todo viveu durante o seu mandato. O ex-governador contou que ele e sua família foram vítimas e que foi inocentado em todos os julgamentos em que foi envolvido.

“Eu governei o estado em um momento muito difícil. Foi a pior crise da República Brasileira, de 2015 até 2018, com o impeachment da Dilma, com a perseguição absurda que foi montada com outras lideranças políticas, especialmente do PT, que foi a Lava-Jato, que levou a prisão absurda do presidente Lula, a perseguição contra mim com essa tal operação acrônimo, que gerou oito ou nove inquéritos e ações penais contra mim. Todos foram resolvidos, eu fui absolvido em tudo e os que não fui julgado, foram arquivados, porque não tinha prova. Mas isso causou um estrago político muito grande, não só em Minas Gerais, mas no país inteiro. Eu e minha família fomos vítimas desse tsunami”, declarou.

A entrevista de Fernando Pimentel ao Jornal Galilé pode ser conferida, na íntegra, clicando aqui.

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