O futebol amador é feito de casos, acasos, companheirismo, persistência e um amor inexplicável pelo esporte. Por isso, a história do primeiro título de Ouro Preto da Supercopa Inconfidentes e Vale do Piranga passa por todos esses tópicos, pois em Ponte Nova, o Peñarol conseguiu segurar a torcida apaixonada e um time agressivo do Primeiro de Maio. E mesmo com um jogo sem gols, a emoção se fez presente do começo ao fim. Nem mesmo a final da Champions League conseguiu dividir a atenção com esse embate memorável.
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A “Macucada”, como é conhecida a torcida do time mandante, transformou o começo do jogo em um acontecimento. Cantando a plenos pulmões desde o pré-jogo e com show de fogos, a intenção era criar um ambiente hostil para o Penha, que venceu o primeiro duelo no Campo da Barra por 1 a 0. Por mais um jogo, a Macucada precisava ser o 12º jogador da Sociedade Esportiva Primeiro de Maio. Era preciso transformar gritos em passes, palmas em chutes, vaias em desarmes e cânticos em chances de gol.
Mas eles não contavam com a resignação de um time gelado que vinha de um lugar mais frio. De Ouro Preto, o Peñarol assumiu o personagem “uruguaio” do seu primo mais famoso e decidiu jogar com inteligência. Recheado de jogadores experientes no futebol amador, como Thiago Mineiro e o capitão Pepeu, a bola é que corria e parava conforme os atletas do Peñarol queriam.
Contudo, não se faz time campeão só com frieza; é preciso confiar no coração. E o coração do craque do Peñarol, Balotelli, batia mais forte desde antes do jogo. O ponta habilidoso se envolveu em um acidente vindo de Belo Horizonte para Ponte Nova. Acompanhado de sua irmã, ele perdeu o controle do carro e passou alguns segundos na contramão de uma das vias mais perigosas do país. O divino protegeu Balotelli, que em campo parecia mais leve do que nunca.
Com a graça dos céus, ele conseguiu jogar solto e se tornou a principal válvula de escape da equipe Ouro-pretana. Enquanto o Primeiro de Maio buscava encontrar algum gol heroico, o Peñarol esperava algum vacilo para sacramentar o título. Do futebol profissional, Leandro Ferreira, atleta com prolífica carreira no América, vestiu a camisa 20 da equipe de Ponte Nova, mas não conseguiu ser tão efetivo.
O jogo foi ficando cada vez mais a cara do Peñarol conforme o tempo foi passando. A nervosa equipe alvinegra mesmo com a necessidade de abrir o placar, não tinha o ímpeto para agredir o gol de Gustavo Bambam, que muito seguro, pouco trabalhou. A torcida foi ficando apreensiva e quando um vento mais gelado bateu, ficou claro o que estava destinado: através do Peñarol, Ouro Preto seria pela primeira vez campeã da Supercopa Inconfidentes. Mesmo intempéries não iriam apagar o que já estava escrito.
O choro de Balotelli no final do jogo conta que: o Peñarol venceu. Em 2023, as cores da BR-356 (que liga a Região dos Inconfidentes ao Vale do Piranga) são o amarelo e preto.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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