Mariana: Equipe do Real Madruga completa 10 anos hoje

Real madruga completa 10 anos

O destino, dentre seus infinitos feitos, reuniu dois apaixonados por futebol. Alexandre e João Paulo, que mais tarde seriam AleMohamed Salah e Jão Love (guarde essa informação meu caro leitor, ela será importante). Os amigos decidiram criar um time de futebol com um diferencial: que envolvesse amor, resenha, família e principalmente, amizade. Esses pilares foram fundamentais para que o futebol amador de Mariana e Região nunca mais fosse o mesmo.Porque, nascia, em março de 2013 na cidade de Mariana, o Real Madruga.

Sim, Real Madruga. O nome faz referência ao personagem Seu Madruga do seriado de humor da década de 1970 e produzido pela Televisa, Chaves. O motivo da escolha foi a identificação do pai da Chiquinha com o brasileiro. que, em primeiro lugar, tem muitas batalhas para vencer. Mas, enfrenta as dificuldades com um sorriso no rosto e, apesar das injustiças, é feliz. Aqui, vale relembrar uma das belas frases do morador do apartamento 72 da Vila: “Posso não ter um centavo no bolso, mas tenho um sorriso no rosto e isso vale mais que todo dinheiro do mundo.”. Existe personagem mais brasileiro que este? Desconfio que não.

Nelson Rodrigues, famoso jornalista e cronista esportivo brasileiro, tem uma máxima em que afirma “No futebol, o pior cego é aquele que só vê a bola”. Surpreendentemente, desde a criação do nome, podemos confirmar que o Real Madruga nasceu para transformar o futebol de várzea em diversos caminhos além das quatro linhas. As mídias sociais nunca mais serão as mesmas.

O futebol amador respira

Nesses nove anos de existência, a equipe possui, até o momento, 12.443 ( doze mil quatrocentos e quarenta e três) seguidores entre Instagram e Facebook. Que interagem diariamente com os posts bastante originais da página. Ademais, é possível acompanhar as entrevistas com os jogadores, descobrir quem foi o craque do jogo, saber os placares de todas as partidas, sejam negativos ou positivos. A saber, também é possível acompanhar as “zueiras internas” que só o time é capaz de fazer.

“Nossa ideia era fazer algo diferente no sentido assim positivo da palavra. E o pós jogo é o mais interessante, quando a gente se reúne para fazer uma resenha ali: ah, tomou um chapéu, uma caneta, somos muito da zueira. E depois, nas nossas páginas, você pode olhar nossas entrevistas em que, dificilmente, estamos focados no resultado, estamos falando zueira: Oh, você tomou um chapéu, cara, você errou um Gol. Esse lado da brincadeira que também fez nosso time ser muito conhecido, porque o futebol tem que ser um lazer, uma coisa divertida,” reconhece AleMohamed Salah, o Alexandre, idealizador, membro da diretoria e jogador do Clube.

Não poderia deixar de mencionar aqui um feito histórico. Nenhum outro time do Brasil teve a oportunidade de trazer tantos jogadores da Europa para compor o elenco. Por exemplo:Timbappé, Jefinlotelli, Negão Pogba, Paulão Caverão, André Ronaldo, Allan Gol. Apesar de ter se reinventado, essa marca continua. Por consequência, o elenco é mais caro que o do Atlético Mineiro e do Flamengo no cenário nacional. Sem contar a rápida adaptação ao clima Marianense para garantir sucesso nos amistosos da região.

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Real Madruga e o VAR

Dentre os pioneirismos que o selecionado marianense detém, o uso do Vídeo Assistant Referee (VAR), expressão em inglês para Arbitro de Vídeo, no Brasil é um deles. Com o apoio da referência em cobertura do futebol da região, o jornalista, radialista, apresentador e locutor Jota Missias, que nos deixou em março de 2021, a arbitragem pôde conferir um lance duvidoso, ouvir a cabine e tomar a importante decisão: foi pênalti ou não foi?

“Na época, tava bombando esse negócio do VAR, que estava começando. Nós combinamos com juiz e também com o Jota Missias, que estava fazendo a filmagem, que em determinado momento do jogo, o árbitro iria dar um pênalti e conferir no arbitro de vídeo. O legal é que nosso zagueiro não sabia que já estava valendo, ele fez o pênalti real, mas não sabia que tinha sido tudo combinado que ia ser uma armação. Aí todo preocupado achando que tinha feito o pênalti, o juiz veio, olhou o VAR, – não tinha nada montado, era só uma televisãozinha ali mesmo – olhou na tela, colocou a mão na orelha e anulou o pênalti”, relembra Alexandre.

Nenhum outro time conseguiu, até hoje, refazer este feito.

Chega até a arrepiar

Foi numa quinta-feira, no campo do Olimpic, casa do Real Madruga, que me encontrei com os idealizadores do time. E essa foi uma das frases marcantes ditas por João Paulo, o Jão Love, que marcou o gol da primeira vitória da história da equipe que já chegou a 34 jogos de invencibilidade. Durante uma conversa cheia de risadas e de emoção, “chega até arrepiar” foi uma expressão dita após relembrar toda a trajetória, que também podemos chamar de legado: “È uma história temos muitos sentimentos porque olha para trás, você fazendo a gente relembrar chega até né arrepiar um pouquinho porque lembramos de muita coisa, de tudo e que aconteceu. “

E aqui, contaremos algumas das histórias:

Rio de Janeiro

Alô Rio de Janeiro, aquele abraço! No mundo da várzea, é comum que excursões sejam realizadas para outros estados. E o Madrugão embarcou para o estado do Rio de Janeiro e a parada foi em Saracuruna, bairro do município de Duque de Caxias:

“São muitos os jogos memoráveis. A nossa primeira viagem para o Rio foi algo que marcou o elenco. E nessa viagem, o jogo ficou marcante, para mim, por causa do campo. Chegamos lá achando que era uma coisa e viu que era outra. Aquilo remeteu a gente aos campos de terra, aos campos que crescemos jogando. Eu olhei e achei aquilo dahora, mano! A gente jogava nesses campos quando era novo e vamos jogar de novo. A partida acabou em um a um, fizemos gol no finalzinho e estava chovendo. Com certeza tenho outros jogos que guardo muito na memória, mas esse tratei como especial, porque devido a todo o contexto: a galera que nunca tinha saído de Mariana, a gente ajudou a realizar sonhos também.”

Ainda sob terras cariocas…

No Rio de Janeiro um dos atletas se tornou pai. A frase que contém dupla possibilidade de entendimento, pode ser facilmente explicada: De acordo com a comissão técnica e diretoria, após ter seu descendente os pais fizeram a conta: e os 9 meses anteriores ao nascimento do herdeiro, batiam com a estádia em Duque de Caxias. Quando Jão Love nos contou que Madrugão realizava sonhos, é porque realizava mesmo, meus amigos!

Voltamos para Minas ! Se apropriando da frase de Dadá Maravilha, “não existe gol feio, o feio é não fazer gol” , João Paulo tem seu nome marcado na passarela da fama da equipe, já que balançou o barbante para garantir a primeria vitória da história do Madruga, que foi por 1×0:

“A jogada é a seguinte: tentaram bater de cobertura. O zagueiro ia chegar antes e eu, inteligentemente puxei um pouquinho a camisa do zagueiro. Ele parou na jogada, pediu a falta e o juiz não deu, e eu fui e empurrei a bola pro gol e fiz marquei.”

Por sugestão de Alexandre, perguntei qual era a distância da bola para o gol. E a resposta:

“Poucos metros [ não me disse quantos] , mas eu acabei de conferir, tá bom? O zagueiro iria tirar, mas Graças a Deus eu estava no lugar certo na hora certa. O que conta é que tá lá um a zero Gol meu.”

A pausa

De surpresa, no dia 18 de dezembro de 2021, durante o evento anual “THE BEST MADRUGA’S”, evento que premia jogadores que se destacaram na temporada, a diretoria anunciou que o time, após 9 anos, chegaria ao fim. O parecer pensado por muito tempo, foi difícil de ser tomado, e o motivo foi estritamente por razões pessoais da diretoria, desmentindo qualquer fake news em relação a causa, João Paulo e Alexandre explicaram:

“Crucial para essa decisão foi a questão pessoal. Abdicamos de muita coisa, colocamos o time a frente em muitas situações, coisa que numa vida normal as pessoas não colocariam. Fizemos isso para viver um sonho, e no momento precisávamos fazer essa escolha para viver algo bacana. Então, o que pesou mais foi a questão do lado pessoal. É até importante esclarecer que não houve problemas no meio no elenco. Era uma adesão que já vinha sendo conversada o ano inteiro, na verdade. Mas no meio do ano, cravamos que seriam os últimos meses. E a gente não podia parar no meio do ano, precisávamos dar continuidade, fechar a temporada de forma digna com o nosso evento normal, como qualquer outro clube grande faria”, concluiu Jão Love

A família Real Madruga

AleMohamed Salah concluiu:

“A gente sempre colocou assim: a partir do momento que deixasse de ser um lazer, o Real Madruga já não seria mais o que eu e ele propusemos para o nosso time. Desde um certo tempo que não tínhamos lazer. Se tornou meio que uma obrigação, de resultados, de manter o mesmo nível de organização, sabe? Chegava no final de semana, eu não podia passear com a minha família e nem o João com a dele, porque tínhamos que estar presente nos jogos. Acabamos deixando muita coisa pessoal de lado para nos dedicar ao máximo, sempre fomos muito intensos: aquilo que a gente pega para fazer, a gente quer fazer com vontade, queremos entregar o melhor. Aí chegou o momento que, realmente, já não estávamos tendo esse lazer.”

O retorno

A equipe voltou aos campos de forma Máster, com menos jogos. E de forma bem peculiar. Agora os jogadores veteranos pedem autorização de suas esposas para entrar em campo. Veja:

Autorização obrigatória para jogar no time do Real Maduga

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