Assim como grande parte do país, Ouro Preto está com baixa adesão à campanha de vacinação contra a poliomielite. Os números melhoraram de sexta-feira (2) para segunda-feira (5), saindo de 75% para 82%, porém, com a média de aplicações diárias no município, dificilmente a meta de 95% das crianças vacinadas será alcançada até o dia 9 de setembro, data estabelecida como meta da Secretaria Municipal de Saúde.
De acordo com os dados da Secretaria de Saúde de Ouro Preto, 2.837 doses já foram aplicadas, tendo 3.438 como total do público-alvo. Portanto, 601 crianças ainda precisam ser vacinadas até sexta-feira para que haja o cumprimento da meta. Com a média de 101 aplicações por dia, os 95% certamente não serão alcançados até o dia 9 de setembro. A pasta precisaria de pelo menos sete dias para chegar à porcentagem de imunização desejada.
“Estamos em campanha de vacinação contra a poliomielite, que se estenderá até o dia 9 de setembro e o nosso objetivo é convocar os pais ou os responsáveis para trazer seus filhos e crianças de 1 a 4 anos nas nossas unidades de saúde para receber a vacina contra a poliomielite, que é a paralisia infantil. A nossa expectativa é de atingir 95% da população. Precisamos unir forças para não deixarmos voltar uma doença que está erradicada num país e que só não terá retorno se houver cobertura vacinal acima de 95%”, disse o secretário de Saúde de Ouro Preto, Leandro Moreira.
As crianças de 2 a seis meses de vida, deverão ser vacinadas com doses injetáveis. Já aos 15 meses e aos 4 anos de idade, utiliza-se as gotinhas para vacinar o pequeno.
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Prorrogação da meta
O Ministério da Saúde vai prorrogar a campanha de vacinação contra a poliomielite até o dia 30 de setembro, por conta da baixa cobertura vacinal contra a doença. De acordo com a pasta, 34% do público-alvo de 1 a 4 anos tomou a vacina que previne contra a paralisia infantil, sendo que a meta é vacinar 95% (14,3 milhões de pessoas).
Ao Jornal Galilé, Leandro Moreira confirmou que Ouro Preto seguirá o novo prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde, perante a distância da meta de vacinação. Para isso. a Secretaria de Saúde de Ouro Preto aumentou a comunicação e o envolvimento de todos para atingir os 95%.
O Ministério prorrogou também a campanha de multivacinação, que ocorre no mesmo período da poliomielite. A campanha busca incentivar a atualização de caderneta de vacinação das crianças pelos responsáveis. Estão disponíveis 18 vacinas que compõem o calendário nacional de vacinação.
A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, tem certificado de erradicação no país desde 1994, mas a baixa cobertura vacinal nos últimos anos preocupa especialistas.
No dia 20 de agosto, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esteve em Ouro Preto para o Dia D da Campanha Nacional de Vacinação. Na oportunidade, ele explicou os motivos da adesão à campanha estar baixa.
“Uma série de motivos explica isso, um deles é a ideia de falsa proteção da população. A medida que o índice dessas doenças começa a cair, as pessoas se sentem protegidas e relaxam em relação à vacina. Quando a cobertura cai, o risco da doença voltar começa a aparecer novamente. O que as unidades sanitárias têm que fazer é trazer a população de volta para as vacinas. O Sistema Único de Saúde não é apenas do Ministério da Saúde, ele é integrado às secretarias estaduais de Saúde e às secretarias municipais de Saúde. É um sistema de saúde muito complexo, mas, por sua vez, muito capilarizado, o que nos ajudou em relação à pandemia de Covid-19, que nós temos 80% da população brasileira com a cobertura vacinal primária já aplicada e já aplicamos mais de 135 milhões de doses de reforço. O que está acontecendo, hoje, no Brasil, é queda no número de óbitos de Covid-19. Então, nós pudemos ter um cenário de maior esperança para frente, com mais prosperidade para o nosso país”, disse Marcelo Queiroga.
O Ministro da Saúde também revelou qual a estratégia de sua pasta para fazer com que a adesão à campanha de vacinação volte a crescer. “Isso é um problema do mundo inteiro. Durante a pandemia, essa queda foi mais acentuada, em face da tragédia sanitária que foi. A estratégia que nós usamos é a de conversar com a população brasileira, esclarecer sobre a importância das vacinas regulares do nosso calendário de vacinação, sobretudo, das crianças. A poliomielite foi registrada em Israel, em Nova Iorque e se aconteceu nos Estados Unidos, o país mais desenvolvido do mundo, pode acontecer aqui no Brasil. Temos que vacinar a nossa população”, complementou.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.