A cidade de Mariana pode se orgulhar de ter uma fisiculturista campeã: Ingrid Aparecida Constantino alcançou o primeiro lugar na categoria Bikini Estreante no Horsepower Show, realizado em Camboriú (SC) em 2 de março. Ela revelou que mesmo lutando contra a esclerose múltipla, têm seus objetivos bem traçados. A atleta de 27 anos revelou ao jornal Galilé todas as dificuldades e detalhes de sua preparação. Afinal de contas, como é uma dieta de uma atleta em busca do primeiro lugar? Quais estratégias ela utilizou?
Ingrid iniciou sua jornada na prática esportiva em 2017 como uma decisão relacionada à saúde. Enfrentando desafios, ela percebeu os benefícios do exercício físico para seu bem-estar geral. Ao longo dos anos, evoluiu de uma frequência irregular na academia para uma dedicação mais intensa em 2019. A decisão de incorporar treinos regulares e uma dieta mais saudável foi um marco importante em sua jornada.
O Horsepower Show, realizado em Balneário Camboriú, Santa Catarina, marcou a primeira experiência de Ingrid em competições desse porte. Ela descreveu a experiência como surreal, desde o momento em que entrou no carro até a participação no evento. A atleta competiu nas categorias Bikini Estreante, Novice e Open, conquistando o primeiro lugar na Estreante e o segundo lugar na Open.
AS SENSAÇÕES DE ESTAR EM UM PALCO COMPETINDO
O fisiculturismo é uma modalidade esportiva que visa desenvolver e aprimorar a musculatura do corpo por meio de exercícios de resistência e treinamento de força. Os praticantes de fisiculturismo, conhecidos como fisiculturistas, buscam atingir um nível elevado de desenvolvimento muscular, definição e simetria, destacando-se pela estética corporal.
No Brasil, ano após ano a modalidade ganha força, com o crescimento exponencial do mundo fitness. De acordo com a GHFA (Global Health & Fitness Alliance) e IHRSA (International Health Racquet & Sportsclub Association), eo mercado fitness é responsável por 0,13% do PIB brasileiro, faturando em média 8 bilhões de reais ao ano.
Ingrid participou na categoria de biquíni, que envolve diferentes subcategorias, incluindo estreantes.A categoria Bikini é uma das categorias do fisiculturismo, mas se diferencia das tradicionais por enfatizar uma aparência mais atlética e estética, ao invés de focar exclusivamente no tamanho e definição muscular. Ela é geralmente destinada a mulheres que buscam um corpo mais tonificado e proporcionado, com um foco maior na beleza e na forma física geral.
Ela explica que competiu na categoria estreantes, destinada a atletas que nunca haviam competido anteriormente. Ela menciona que a competição era intensa, com 14 ou 16 atletas na categoria estreantes. Ingrid conseguiu conquistar o primeiro lugar, o que a levou ao centro do palco para disputar o título de top 1 com atletas que já tinham experiência em competições anteriores.
“Eu nunca tinha ido nem uma feira de campeonato nem nada, então foi assim uma experiência surreal surreal, desde o momento que eu pisei no carro para poder ir até lá até chegar no evento e eu não tenho nem palavras sabe sabe para poder descrever o quão grata estou”, destacou a atleta ao Galilé.
OS DESAFIOS DE UMA PREPARAÇÃO DA CAMPEÃ
Para chegar com essa porcentagem de gordura em cima do palco, um atleta de fisiculturismo precisa passar por um processo que eles chamam de ‘preparação’, que consiste em uma dieta específica, aliada com treinamentos, que busca o máximo de queima de gordura com o mínimo de perda de massa muscular. Nesse sentido, Ingrid afirma que esse processo é altamente individualizado, enfatizando que cada pessoa é única, e o acompanhamento personalizado é crucial para o sucesso.
A campeã destaca que, até o momento de subir no palco, tudo depende dela mesma, enfatizando o valor de estar mentalmente forte para evitar autossabotagem e manter uma perspectiva positiva sobre sua aparência.
“Eu comi muito brócolis com tilápia e tinha 50 gramas de arroz pré-treino, whey com frutas, era mais ou menos isso, sabe? Não tinha muita opção de comida também não, mas a última semana de preparação é a mais legal, né? Porque é onde você vê o seu físico mudando todos os dias. (…) Aí, por exemplo, eu estava fazendo dois cardios, treino em casa, preparar a refeição, trabalho, e treinar pose porque tinha isso ainda, que é uma coisa que eu achei até que bem difícil. Além das muitas aulas. É o que eu falei, pro seu corpo, físico, mental, tudo ali no limite. Na última semana, a gente começou a finalização, né? No sábado, a gente começou com 8 litros de água. Aí, a gente passou pelo período de hiperidratação e o sódio estava bem controlado, né? Então eu não podia comer muito sal, nem nada. E aí foi diminuindo a quantidade de água até chegar na quinta-feira. Que na quinta eu estava com dois litros de água, na sexta, eu fiquei com um litro, e no sábado, eu quase não tomei água. Deve ter sido ali uns 500 ml”
Mas uma atleta feminina de fisiculturismo não é só construída com comida e pesos. Para estar no palco apresentando os frutos de seu trabalho duro, existe ainda a preparação com maquiagem, cabelo, biquíni e salto.
Quanto a isso, a marianense destacou a leveza e naturalidade do processo, afirmando que se sente como se tivesse nascido para isso. Ingrid expressou a emoção deste momento, descrevendo a tremedeira e nervosismo. Para ela, foi ‘surreal’.
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“O processo foi tão leve, tão natural, que realmente parece que eu nasci para isso, sabe? E quando você não estranha com uma situação diferente, né? Porque já é muito normal para você. Então foi tudo muito incrível, tudo muito leve. Eu já estou ansiosa pelo próximo campeonato e depois da pintura ali, eu já fui pro backstage. O meu treinador deu todo suporte necessário, cuidou de todos os detalhes possíveis e um time incrível. E a gente comeu aquelas batatinhas Pringles, bolachinha de arroz com mel. Mas não comemos muita coisa também não porque eu fiz que já estava bem cheio então. E eu fiquei muito tranquila também lá no backstage, até o momento de subir no palco, subindo o palco tremendo. Mas é uma experiência surreal, surreal. Meu coração tá tão cheio de gratidão“, destacou Ingrid.
A CONVIVÊNCIA COM A ESCLEROSE MÚLTIPLA E A INSPIRAÇÃO
Durante a entrevista, Ingrid compartilhou a informação de que começou a treinar por motivos de saúde. No caso, uma doença séria, que milhares de pessoas enfrentam todos os dias: a esclerose multipla. Ou seja, além de ser uma campeã na luta que o próprio esporte que ela escolheu, também é uma campeã contra a enfermidade.
A esclerose múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central, composto pelo cérebro e pela medula espinhal. É caracterizada por danos à bainha de mielina, que é a camada protetora que envolve as fibras nervosas.
Na verdade, ela afirma que percebeu que o exercício físico era benéfico para ela, saindo de um estado de saúde debilitado para alguém que raramente fica doente nos dias de hoje.
Antes de iniciar sua preparação para o campeonato, Ingrid conversou com seu neurologista para garantir que o esporte não interferisse negativamente na condição. O médico limitou o aspecto físico do esporte para evitar complicações de saúde.
“Aí eu penso que não seja se preparar com a doença, sabe? Porque a doença já estava ali. Então é igual eu falei que quando eu comecei a treinar, muita gente não sabe, mas foi simplesmente por conta de saúde. Antes de iniciar a preparação, eu conversei com ele para saber o que ele achava porque é um esporte que ele é físico, ele me limita. Então para a cabeça não interferir em alguma doença, porque a saúde para mim é prioridade, mas é algo muito complicado, porque é o que eu falei, é muito diferente a doença para cada pessoa. Tem pessoas que têm mais sequelas. Então eu tive a sorte de ter um diagnóstico rápido e não ficar com sequelas, mas é algo que eu cuido. Então qualquer coisinha diferente que eu sinto, eu já procuro meu médico para ver se pode ser alguma coisa ou não. Então é tudo muito incerto. A gente faz tratamento, a gente faz o que pode, o que está no nosso limite e cuida para a doença não progredir nem nada.
Mas é tudo muito incerto, então é o que eu falei, não tem como saber se amanhã vai estar bem, se não vai, e depende da medicação. Que graças a Deus hoje é fornecida pelo SUS, que é uma medicação muito cara e igual eu falei no vídeo, teve um dia que eu cheguei para buscar o remédio e não tinha. É realmente um caso de superação, sabe, até para mim mesmo, porque hoje eu levo a doença com maior naturalidade na medida do possível, mas nem sempre foi assim“, afirmou a Ingrid.
A campeã na vida e nos palcos encerrou a entrevista compartilhando sua empolgação pelo próximo campeonato e seus sonhos elevados no fisiculturismo. O feedback positivo recebido a incentivou a considerar competições nacionais e a buscar um cartão profissional para participar do prestigiado Olympia, destacando que este é apenas o início de sua promissora jornada no esporte.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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