Ex-professor da UFOP participa de invasão bolsonarista em Brasília

O ex-professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antônio Clésio Ferreira, estava em invasão bolsonarista na Praça dos Três Poderes na tarde de domingo (8). Em um vídeo, gravado às 8h de ontem, o ex-docente da UFOP está junto com várias pessoas em uma concentração, antes do ato. Nele, ele diz: “Por isso, eu falo sempre. Cuidado com as notícias que estão rodando, dizendo que aqui está cheio, que lá na esplanada está lotado. A ideia é que a concentração seja aqui e na hora que tiver gente o suficiente, ir para a Praça dos Três Poderes e cercar os prédios. Fiquem com Deus e tenham todos um bom dia”.

Veja o vídeo:

Clésio Ferreira é engenheiro metalurgista, tem mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo e aposentou-se como professor da UFOP, onde foi chefe do Departamento de Engenharia de Controle e Automação por dois mandatos. Tem uma extensa atuação em atividades nas paróquias de Cristo Rei e Pilar, em Ouro Preto, sendo fundador e coordenador da campanha “Natal para Todos”, há 25 anos. Em 2012 recebeu o título de Cidadão Honorário da Cidade Patrimônio.

Em 2020, Clésio foi candidato a prefeito de Ouro Preto, junto do Geraldo Gomes como vice, pelo partido Democracia Cristã (DC). Ele recebeu 806 votos, o que corresponde a 1,9% do total, ficando à frente apenas de Suely Xavier, do PSOL, que teve 797 votos (1,88%).

Em maio de 2022, Clésio foi até a Casa Legislativa ouro-pretana, junto do grupo Direita Ouro Preto, para ler um manifesto contra o ato do vereador PTista, Wanderley Kuruzu, que havia se exaltado com membros da plateia, apoiadores de Bolsonaro.

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Por meio de uma nota, o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), repudiou os atos terroristas praticados em Brasília. “O minguado grupo que se disse presente em nome de Ouro Preto não representa nossa gente. Somos solidários à democracia brasileira e ao governo constitucional do presidente Lula”, escreveu.

A UFOP também manifestou repúdio às invasões e depredações do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto. Leia a nota, assinada pela reitora Cláudia Marliére, e pelo vice-reitor Hermínio Nalini Júnior, na íntegra:

A Universidade Federal de Ouro Preto, diante de tais absurdos e barbaridades, se manifesta com veemência, engrossando o coro democrático que pede uma apuração rigorosa dos fatos, com a responsabilização de todos os envolvidos.

O Brasil, na rota da normalidade, buscando sua recuperação nos campos socioeconômico, ambiental, educacional e da saúde, dentre outros, não aceita retroceder ou se curvar diante de uma minoria golpista que, inconformada com os resultados das últimas eleições para presidente, tenta desqualificar os pilares que sustentam a nossa democracia.

Que cessem todos os crimes e violência contra o povo brasileiro, que já paga uma enorme conta em decorrência de políticas mal conduzidas que culminaram no aumento da pobreza, da fome, na queda de indicadores da saúde, como vacinação e morte pela Covid-19, e do meio ambiente.

Na democracia os antagonismos estão presentes, mas os atos de violência que estamos vivenciando desde as eleições presidenciais, especialmente, não podem ser caracterizados dentro de um escopo ético ou ideológico que tenha sobrevida nas possibilidades oferecidas por esse sistema. A democracia aceita e convive com discursos distintos e antagônicos; contudo, tolerar vozes que pregam a extinção de pessoas em nome de qualquer supremacia, do ódio e da intolerância, não!

Assim, conclamamos toda nossa comunidade para criar e fortalecer uma rede de vigilância de forma a impedir retrocessos em nosso jovem sistema democrático.

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Rômulo Giacomin

Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.