Ativista de Paracatu de Cima é preso e acusa Renova de perseguição em Mariana

Ativista de Paracatu de Cima é preso e acusa Renova de perseguição em Mariana

No último final de semana um incidente envolvendo Marino D’Ângelo Junior, um ativista e membro da Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão e a Fundação Renova, intensificou as tensões em uma região já afetada por um dos maiores desastres ambientais do Brasil.

Marino, que é produtor de leite e membro ativo das comunidades rurais, alega ter sido vítima de abuso de poder por parte das autoridades municipais e da Fundação Renova, responsável pelos esforços de reparação relacionados ao rompimento da Barragem de Fundão em 2015.

Em seu perfil no jornal A Sirene, Marino é descrito como um morador de Paracatu de Cima. Como membro da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão, ele representa as vítimas do desastre em busca de justiça e direitos.

O INCIDENTE

O incidente começou quando Marino tentou impedir a continuação de uma obra pública realizada pela Fundação Renova em frente à sua propriedade. Ele afirma que a obra estava acontecendo sem seu consentimento, desrespeitando um acordo verbal anterior. As tensões escalaram rapidamente quando a polícia foi chamada ao local, e Marino alega ter sido cercado e provocado por um guarda municipal, que o chamou de “marginal”.

“É muito humilhante ver as pessoas que estão representando o verdadeiro crime legalizado, com o apoio da lei, promovendo injustiça com pessoas de bem”

disse Marino ao Galilé.

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Marino relata que, apesar de não ter agredido ninguém, houve discussões acaloradas. A situação culminou com o uso de armas de choque pela polícia, que o atingiram, mas não o detiveram. Ele conseguiu fugir para a mata próxima, mas acabou sendo conduzido a uma policlínica para um exame de corpo delito, onde foram encontrados objetos de metal em suas costas que exigiriam cirurgia para remoção.

Ele foi solto no final da tarde do sábado, mas o incidente provocou indignação entre os defensores dos direitos das vítimas do desastre da Barragem de Fundão e a comunidade local. Amigos, movimentos sociais e políticos se mobilizaram em apoio a Marino, destacando a desigualdade de tratamento entre as vítimas e as autoridades responsáveis pelo desastre.

“Chegando na delegacia, me senti muito feliz, porque percebi que importo para outras pessoas. Tinha uma multidão de pessoas lá me esperando para me receber na porta da delegacia, incluindo amigos da UFMG, membros da OAB, da comissão de atingidos, da qual também faço parte, e amigos de atingidos de forma geral. Além disso, contamos com o apoio da deputada Beatriz Cerqueira, do Padre João Rogério Correia e do Deputado Leleco, todos se mobilizando contra a injustiça que estava sendo cometida comigo.”

confidenciou ao Galilé.

O QUE DIZ A FUNDAÇÃO RENOVA

Em contato com o Jornal Galilé, a Fundação Renova, em sua resposta, afirma que a obra em questão era uma obra de utilidade pública, solicitada pela prefeitura de Mariana e executada por eles. Eles alegam ter uma autorização formal dos moradores e detentores da posse do imóvel para a utilização de uma pequena parcela de terra para o canteiro de obras. Marino teria embargado a obra depois de 2 meses, alegando que não reconhecia a autorização. A Fundação Renova também afirma que fez uma proposta de ressarcimento pelo uso da área, que foi aceita por Marino, mas não celebrada devido ao desejo de Marino de ser atendido com uma moradia temporária de 50 hectares, o que não estaria em conformidade com as diretrizes dos programas de reassentamento da Fundação Renova.

Marino, em sua resposta, confirma a alegação da Fundação Renova, afirmando que, de fato, houve uma proposta e um acordo, que envolvia um aluguel de um imóvel para ele se mudar. Ele destaca que o valor do aluguel da casa após a reforma já havia sido combinado entre ele, o locador e a Fundação. Marino menciona que a Fundação Renova estava acompanhando o progresso da reforma e que, quando a residência em que ele iria se mudar foi concluída, entrou em contato com eles na expectativa de se mudar.

No entanto, Marino alega que a Fundação Renova mudou de posição e se recusou a alugar, apesar de tudo ter sido previamente acordado. Ele destaca que a situação em sua propriedade está longe de ser ideal, com problemas como a deterioração e as más condições da terra que afetam seus animais. Ele menciona que a Fundação Renova não fornece a devida alimentação para os animais.

Marino explica que a única maneira que ele tinha de pressionar a Fundação Renova era embargando a obra que estava acontecendo em sua propriedade, já que ele não havia assinado o contrato final. Ele afirma que recebeu informações sobre irregularidades na situação, incluindo a falta de licença ambiental e invasões em sua propriedade em mais de um local.

Ao jornal Galilé Marino enviou algumas imagens da propriedade em que reside.

O QUE DIZ A POLICIA CIVIL

Quanto ao ocorrido no últio sábado, a Polícia Civil de Minas Gerais informa que conduziu Marino D’Ângelo à delegacia, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), e ele assinou um termo de compromisso de comparecimento em audiência a ser agendada no Juizado Especial Criminal. Eles alegam que seguiram os procedimentos de acordo com a legislação vigente.

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