Em entrevista à Rádio Real FM, o ex-jogador Reinaldo, maior ídolo da história do Atlético, relatou sua indignação em relação aos atos antidemocráticos promovidos por apoiadores e simpatizantes de Jair Bolsonaro (PL) contra a vitória de Lula (PT) na corrida presidencial do pleito de outubro. Figura marcante politicamente durante sua carreira, em meio ao Regime Militar, Reinaldo disse que é preciso respeitar o contraditório para que ocorra a manutenção do Estado Democrático de Direito.
Desde a vitória de Lula, no segundo turno, bolsonaristas têm ido às ruas do Brasil protestar contra os resultados das eleições, alegando, sem provas, que teriam ocorrido fraudes no pleito. Os apoiadores do presidente em exercício também têm pedido a saída dos ministros do Supremo Tribunal Federal (SPF), em especial de Alexandre de Moraes, além de clamar às Forças Armadas que tomem o poder.
“Eu acho um absurdo. Um delírio. A gente tem que respeitar. Se você participar de uma eleição, você está de acordo com as regras, com a regulamentação das eleições. Têm que aceitar, reconhecer a vitória do seu adversário. O que vem ocorrendo no Brasil, estamos lutando para manter essa democracia. Nós vivemos o período de ditadura, e hoje todo mundo desfruta da plenitude da democracia, de poder fazer vários movimentos que não são legais”, disse o ex-camisa 9.
Para Reinaldo, quem pede a volta da Ditadura Militar não tem plena consciência do que é o regime, que imperou no Brasil entre 1964 e 1985. Na ocasião, muitos cidadãos perderam direitos e forma perseguidos. O ex-atacante do Atlético foi uma das vozes mais ecoantes no esporte contra os militares, o que o custou espaço na Seleção Brasileira.
“Não sabem o que é uma Ditadura Militar. Nós vivemos uma em época que o Brasil era um país muito pobre, país oprimido, de um povo que ainda não tinha elevado muito sua formação educacional. Tinha muito analfabetismo ainda. Esse movimento que teve da gente buscar a democracia, primeiro foi pela opressão, a gente vivia sem a liberdade, com censura, AI-5, todos aqueles instrumentos que a ditadura reprime. O povo brasileiro começou a reagir, e vários setores tiveram esse anseio de buscar a democracia. E assim aconteceu, alguns pegaram em armas, outros forma torturados, desaparecidos. No meu caso, eu fui aniquilado. Agora, com a democracia, querem esse regresso em nossa vida? É muito triste. A gente deve respeitar qualquer tipo de manifestação. A gente tem que ter a coerência aqui no nosso país. Estar unido, aparar essas arestas para continuar a construir o país com liberdade e democracia.”, relembrou.
+ Ídolo do Atlético, Reinaldo, recebe título de Cidadão Honorário de Ouro Preto: “Atingiu o fundo do meu coração”
Reinaldo se notabilizou em sua carreira como jogador pelo futebol exuberante desfilado nos campos Brasil à fora. Após marcar gols, era costumeiro que o atacante erguesse um braço com a mão fechada, a icônica comemoração do punho cerrado. O Rei da Massa explicou o simbolismo da celebração, que perpassa entre o futebol e a política.
“O punho cerrado é um gesto que tinha conotação política, de socialismo. Foi uma época de Ditadura Militar, fui muito pressionado com isso, então, eu dei um desvio para uma conotação racial, que também é um gesto dos Panteras Negras, que é um partido socialista americano. Como tinha e tem essa influência muito forte da indústria americana, principalmente do movimento musical Black Power, foi ali que a gente engajou mais e deu mais visibilidade às questões políticas e raciais do nosso país. Mas, também, não deixa de ser um gesto forte e vitorioso”, elucidou.
Reinaldo esteve em Ouro Preto na última semana para lançamento de seu livro “Punho Cerrado: A História do Rei”. Além disso, recebeu o título de Cidadão Honorário da Cidade-Patrimônio. Além de maior artilheiro da história do Galo, com 255 gols, o ex-centroavante disputou a Copa do Mundo de 1978 pelo Brasil.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
[…] Reinaldo critica atos antidemocráticos contra vitória de Lula: "Um absurdo" […]
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