Parque do Itacolomi ficará fechado até o final de 2024, afirma gestora da unidade

O Parque Estadual do Itacolomi, uma destacada unidade de conservação estadual situada nos territórios de Mariana e Ouro Preto, encontra-se indisponível para visitação desde o primeiro semestre de 2023, em virtude das intensas chuvas ocorridas na região. Este cenário frustrante impede que a população local e os turistas desfrutem de um recurso público icônico, que historicamente tem proporcionado atividades de lazer, promoção da saúde, bem-estar, enriquecimento cultural e pesquisa.

A administração do Parque justifica o fechamento devido aos danos causados na via de acesso próxima à bifurcação que leva ao Centro de Recepção de Visitantes, mais conhecido como ‘Fazenda do Manso’. Entretanto, a demora na resolução dos problemas e o adiamento da reabertura têm gerado questionamentos na comunidade local.

A indagação que paira é: o que estaria por trás dessa prolongada interdição? Seria a falta de investimento por parte do Estado? Uma questão de falta de empenho? Burocracia excessiva? Ou talvez haja uma conexão com o interesse de uma empresa que, por um montante de R$3,5 milhões, assegurará os direitos de gestão e manutenção dos atrativos, bem como explorará as atividades de ecoturismo e visitação nos parques estaduais do Ibitipoca, localizado em Juiz de Fora, e Itacolomi, pelos próximos 30 anos? Essas dúvidas levantam a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre os motivos que envolvem a situação atual do Parque Estadual do Itacolomi.

Leia também:

Leia mais sobre a concessão em: https://galile.com.br/concessao-parques-itacolomi-ibitipoca/

O jornal Galilé entrou em contato com a gestora do Parque do Itacolomi, Maria Lúcia Cristo. Para facilitar para os leitores, optamos por dividir as transcrições por temáticas abordadas nas respostas recebidas.

Confira:

  1. Qual foi o motivo que levou ao fechamento do Parque Itacolomi:

‘’O Parque está fechado desde as últimas chuvas que acometeram esse ano aí a região de Ouro Preto. O Parque sempre é afetado por essas chuvas, porque nós temos uma estrada aqui que foi construída com recursos de engenharia muito, muito precários. E uma topografia muito ingrata, então a gente tem constantemente problemas nessa estrada. Mas sempre a gente consegue na prefeitura uma parceria pra passar um trator, só que o acúmulo dessas ações, que não são ações próprias de engenharia e mais o fato. Interrompido uma estrada de forma muito, com volume muito grande de terra e ter ficado um talude negativo, impossibilitou que a gente fizesse esse trabalho simples que a gente sempre faz. Então isso aí requer uma, requer uma ação mais técnica, que a gente não tem esse suporte’’.

  • Qual documento foi levado em consideração para tomada de decisão do fechamento do Parque:

‘’Eu tive que acionar a Defesa Civil do município, visando ter certeza da segurança de todas as pessoas que visitam o Parque Estadual do Itacolomi. A Defesa Civil esteve aqui, viu a gravidade do ocorrido e fez várias recomendações. Na verdade, a Defesa Civil não fechou o Parque, mas fez várias recomendações no laudo que nos impossibilitaram de abrir o Parque, porque as recomendações que a Defesa Civil, de todo o critério que eles têm, não eram possíveis ser realizadas, porque também fazia parte de obras de engenharia, de projetos, então, por exemplo, eles colocaram drenagem, canaletas, fazer canaletas, tudo que a gente não tem condições de fazer. Então, nós ficamos, assim, um pouco travados na abertura da unidade, mesmo. Tendo uma estrada disponível, porque o laudo foi afeto a todas as estradas, e paralelamente a isso, eu fui buscar no Estado as condições de reabilitar a estrada’’.

  • O que Instituto Estadual de Florestas – IEF ofereceu de suporte para resolver o problema:

‘’O IEF não tem engenheiros de civis, engenheiros com toda a expertise em estradas. A gente (o governo estadual) tem o órgão do Estado, que é o Departamento de Estradas de Rodagem. Nós fomos, fizemos contato com o DER, mandamos um ofício pedindo a eles que viessem fazer um laudo, um levantamento da necessidade, e nos ajudasse nessa, nessa tarefa. O DER, por ser um órgão do estado, também tem as suas limitações. Nós tivemos muita demora até que eles viessem aqui, pela agenda mesmo dos engenheiros do órgão. E quando eles vieram aqui, eles detectaram que é uma obra de grande porte, é uma obra que vai necessitar muitos recursos’’.

  • Por que a via que está em bom estado não está liberada para o uso público:

‘’Primeiro, quando o Parque fechou, logo depois veio a temporada de incêndio. Nós temos que ter uma estrada em condições boas para a gente poder atender rapidamente os incêndios, que é uma das prioridades da unidade, já que em um incêndio de grandes proporções, a gente perde muita biodiversidade, que demoram-se anos para serem recuperadas, para ser recuperada. Então, nós demos prioridade, no meio do ano até outubro, da estrada ficar sem ser muito utilizada, porque a utilização em demasia poderia sobrecarregar a estrada e na época de incêndio a gente teria uma estrada inapropriada’’.

  • Como será a obra necessária:

‘’Vai contemplar a reforma de toda a subida e descida através de (financiada por) compensação minerária que vai ser feita pela Vale. Os projetos estão em andamento, só que são projetos que requerem várias fases. Então, sondagem. Precisa de conhecer o solo pra ver qual o tipo de estrutura vai ter que fazer. Então, nós já estamos caminhando nessa fase, mas já estamos em fase final de projeto pra depois a gente começar o projeto de execução. Então, isso aí também vai demandar muito tempo pra que tudo isso seja realizado’’

  • A previsão para início e término das obras:

‘’O Itacolomi irá receber em 2024 uma reforma de todas as estruturas, que também é uma compensação minerária. As reformas vão começar em janeiro e, como as reformas vão movimentar um grande número de pessoas trabalhando, um grande número de máquinas e equipamentos, o Parque não poderá atender a comunidade nem a sociedade de uma forma geral. Então, a previsão é que o Parque continue fechado até final de 2024, porque o cronograma das obras de reforma das estruturas são quase 365 dias, são 240 dias’’

  • A reabertura tão aguardada pela comunidade fica para:

‘’Como as obras já vão começar talvez em fevereiro, então provavelmente a unidade vai ficar fechada em todo 2024. Agora tanto para reformar a estrada, porque a estrada entrou também na compensação minerária, como para a reforma das estruturas’’.

O Jornal Galilé seguirá acompanhando de perto essa questão e sempre que tivermos novidades utilizaremos os nossos canais para informar aos nossos leitores.

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