A cidade Ouro Preto está de luto pela morte de um de seus filhos mais ilustres, o renomado poeta Guilherme Mansur. Mansur faleceu ontem (27), no Hospital Madre Tereza, após uma batalha contra complicações decorrentes de uma pneumonia. Ele tinha 65 anos.
Guilherme Mansur, nascido e criado em Ouro Preto, era um dos nomes mais proeminentes da literatura brasileira. Sua jornada artística foi marcada por uma notável fusão de poesia e experimentação gráfica, resultando em projetos inovadores que cativaram leitores e admiradores ao longo de décadas.
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O poeta enfrentou desafios significativos devido à esclerose múltipla, uma condição que afetou sua mobilidade, mas nunca abalou sua determinação em contribuir para a cena literária. Sua criatividade floresceu mesmo em meio a adversidades, deixando um legado duradouro na literatura e na arte visual.
A CARREIRA DO ARTISTA
Uma das contribuições mais marcantes de Guilherme Mansur foi o projeto “Poesia Livre”, uma revista-saco que ele fundou e editou por nove anos, explorando as fronteiras entre poesia e design gráfico. Nos anos 70, ele também fez parte do movimento de “Arte Postal” e participou da “International Mail-art Exhibition” na Itália, levando sua obra para além das fronteiras do Brasil.
Na década seguinte, Mansur editou livros de poesia de renomados escritores, incluindo Álvaro Andrade Garcia, Haroldo de Campos, Carlos Ávila, Sylvio Back, Jussara Salazar, Régis Bonvicino, Laís Corrêa de Araújo, Paulo Leminski e Alice Ruiz, entre outros. Seu trabalho como editor e tipógrafo foi essencial para a disseminação da poesia contemporânea.
Uma das ações mais icônicas de Mansur foi a “Chuva de Poesia”, na qual versos eram distribuídos a partir das torres das igrejas de Ouro Preto, especialmente da majestosa igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Em 1977, ele apresentou os “sacos de poesia”, inspirados nas embalagens de pão da Padaria Popular, que se tornaram uma marca registrada de sua abordagem artística.
Ao longo dos anos 90 e 2000, Guilherme Mansur continuou a inovar, criando poemas-cartazes, instalando poesias em locais públicos e editando revistas de fotografia. Seu trabalho transcendeu as palavras escritas, envolvendo-se com a poesia visual contemporânea.
Mansur também deixou sua marca como tipógrafo, criando a fonte digital Verga, que foi publicada na revista “Tupigrafia” em São Paulo. Ele fundou o jornal de arte e poesia “Amilcar” e publicou diversos livros, incluindo “Barrocobeat” e “Bené Blake”, em parceria com Dimas Guedes.
Seu legado é celebrado não apenas por sua contribuição à literatura, mas também por sua capacidade de inspirar gerações com sua criatividade e inovação constantes. Seu trabalho artístico continua a ser apreciado por bibliófilos e amantes da poesia visual em todo o mundo.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.