A feira do projeto “Circula Agricultura” retornou a acontecer nos campi da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), na terça-feira (13). Nela, o Coletivo Saberes do Território vendeu verduras, artesanatos, temperos, farinhas, própolis, velas aromáticas e sabonetes no Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas (ICSA), em Mariana.
O projeto tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento socioeconômico de Ouro Preto e Mariana, com a realização das feiras agroecológicas que acontecem nos campi da UFOP. A iniciativa também busca conscientizar a comunidade sobre a importância do consumo de alimentos da agricultura familiar da região, que são livres de agrotóxicos.
Com a pandemia, as feiras ficaram paradas por mais de dois anos, porém outras atividades eram realizadas de forma remota, com publicações de conteúdos informativos nas redes sociais sobre os processos de produção dos alimentos vindos da agricultura familiar e a forma de comercialização dos mesmos.
“Tinha um site que se chamava ‘Pé de Feira’, que os alunos do Circula ajudaram a formar e também ajudávamos nas vendas via WhatsApp. Além disso, como a ideia do projeto é trabalhar com atividades relacionadas à educação e à saúde, nós fizemos um trabalho com o Instagram. Quando o projeto ficou completamente parado no início da pandemia, a gente teve como uma das ações construir um portfólio. A ideia era colocar os produtos que são comercializados pela agricultura familiar da região, uma lista desses produtos, o contato dos produtores e uma parte mostrando quem são os produtores, como acessá-los pelo WhatsApp. Nesse portfólio tem um monte de receitas mais ‘goumetizadas’, com a possibilidade de uso dos produtos da agricultura familiar, que enviamos para todos os restaurantes e para todas as pousadas da região”, conta a coordenadora do projeto, Anelise Andrade de Souza, ao Jornal Galilé.
O projeto existe formalmente desde 2019. Antes da pandemia, o Circula Agricultura contava com três a quatro famílias. Antes da Covid-19, as feiras aconteciam na UFOP, em Ouro Preto, uma vez por semana. Aconteciam, também, semanalmente no ICSA e no Instituto de Ciências Humanas e Sociais (ICHS). Hoje, com o retorno do projeto, temos um coletivo trabalhando junto com o “Coletivo Saberes do Território”, que é de Furquim, distrito de Mariana, e que conta com um número grande de famílias.
A volta do Circula Agricultura foi um sucesso. Os feirantes conseguiram vender seus produtos no ICSA, o que levantou a possibilidade de estender a feira para outros lugares, além dos dois institutos da UFOP de Mariana. “Percebendo que os feirantes estão conseguindo fazer a venda dos seus produtos e tendo lucro, estamos com a ideia de conseguir fazer com que eles cheguem até o campus de Ouro Preto. Para isso, precisa ver se valerá a pena o custo com a gasolina e etc. Então, a nossa ideia é fazer a feira uma vez por mês, também, no campus de Ouro Preto”, declara Anelise.
O Circula Agricultura extensão da UFOP e conta com quatro alunos bolsistas do curso de Nutrição e existe a possibilidade de entrar outros dois do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos (CTA). A ideia é trabalhar, de acordo com a temática que cada um desses estudantes têm interesse, para potencializar a venda desses produtos. Para o retorno das feiras, foi feito um edital para que os agricultores pudessem utilizar o espaço da Universidade sem pagar.
Os produtos dos agricultores familiares são vendidos nos meios que eles encontram para a sua comercialização. Especificamente com os produtos do coletivo, há feiras em Furquim, além de venderem também de porta a porta. Alguns também vendem na feira de Mariana.
As feiras acontecem todas as terças-feiras no hall do ICSA, das 9h às 14h. Clique aqui para ter acesso ao portfólio do “Circula Agricultura” para conhecer mais dos processos de produção e também dos produtores da agricultura familiar.
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Coletivo Saberes do Território
O Coletivo Saberes do Território existe desde março de 2019, fruto de um projeto de pós-doutorado de Amanda Corrado, chamado “Abundância da Socio biodiversidade: alternativas para a diversificação da economia no território de Mariana”. O trabalho acadêmico acabou gerando em atividades com algumas pessoas do distrito de Furquim, tendo atuação com produtos da socio biodiversidade, trabalhando não só a conservação, como a salva-guarda dos saberes e fazeres.
“Tínhamos o foco de trabalhar com as pessoas, porque queríamos que a identidade delas, no ambiente rural, fossem valorizadas. Quando estamos em um ambiente urbano não temos noção de todas as identidades dentro do território rural. Então, demos início ao projeto e acabamos trabalhando na articulação de um grupo, trabalhando muito com a educação cidadã, não só a produção de alimentos, e depois de dois anos, mais ou menos, a gente conseguiu fazer a formalização”, conta Amanda Corrado, que hoje é coordenadora do coletivo, ao Jornal Galilé.
Atualmente, o coletivo é uma organização da sociedade civil, constituída na forma de associação, com uma gestão de presença das pessoas da própria comunidade e trabalhando muito dentro da linha da economia solidária e popular. A proposta do projeto é unir os diferentes saberes, junto com a natureza, para a conservação da socio biodiversidade dentro do território.
“Temos desenvolvido atividades para alcançar a nossa finalidade, tanto na parte de assistência técnica, como a parte de capacitação e abertura de espaços para nós trocarmos os conhecimentos. Junto de agricultores familiares, temos trabalhado com os quintais produtivos, onde essas pessoas têm os seus pequenos cultivos e, também, com o extrativismo sustentável de algumas espécies”, finaliza Amanda.
Para conhecer mais sobre o trabalho do Coletivo Saberes do Território, clique aqui.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
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