O ex-professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antônio Clésio Ferreira, negou que tenha participado da invasão à Praça dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro. Uma nota enviada à imprensa, pelo escritório de advocacia Landulpho, Gallindo & Oliveira, informa que, embora Clésio estivesse em Brasília na data do ocorrido, ele não participou do ato antidemocrático que culminou na depredação de prédios públicos.
A nota diz que Clésio tem sido atacado injustamente nas ruas de Ouro Preto, em grupos de WhatsApp, em sindicatos e associações, bem como pela imprensa digital.
“O Sr. Antônio Clésio Ferreira manifesta o seu repúdio pelos atos terroristas antidemocráticos de depredação da sede dos três poderes, em Brasília/DF, e pugna para que os fatos sejam apurados e os responsáveis punidos na forma da lei”, diz a nota.
A nota finaliza dizendo que o corpo jurídico do ex-professor da UFOP está tomando medidas necessárias para a reparação dos danos praticados por aqueles que tentam lhe impugnar o cometimento de crimes sem provas.
Em entrevista ao jornal O Espeto, Clésio contou que, junto de outras quatro pessoas do movimento Direita Ouro Preto, foi em manifestações nos QG’s do exército, na avenida Raja Gabaglia e em Ipatinga, assim como em Brasília. Segundo o ex–professor da UFOP, o ambiente na concentração no Distrito Federal era familiar, com a presença de idosos, crianças e deficientes. Porém, ele conta que no momento em que o ato tomou proporções mais violentas, se retirou do local para almoçar na casa de amigos na capital do país.
“Quando percebemos que a coisa chegaria nesse ponto, nós recuamos. Ficamos particularmente decepcionados, porque nós saímos de Ouro Preto para fazer um manifesto constitucional e democrático. De repente, lá no meio, haviam pessoas falando dessa possibilidade e nós não continuamos. Havia um casal que nós fizemos amizade no QG, no sábado, fomos para a casa deste casal almoçar. Na hora que começou a quebradeira, nós estávamos assistindo. Minhas filhas ligaram para mim perguntando e eu falei que estávamos no almoço. Tudo isso está registrado”, declarou Clésio.
Perda do título de cidadão honorário
O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ouro Preto (Sindsfop) soltou uma nota no dia 11 de janeiro dizendo que encaminhou um ofício à Paróquia do Pilar alertando sobre as “atividades totalmente contrárias aos princípios cristãos e da Igreja Católica” de Clésio, além de encaminhar à Câmara Municipal para a retirada do título de cidadão honorário que o ex-professor da UFOP recebeu em 2012, pelo vereador Luiz Gonzaga (PL).
Natural de Santa Vitória, na região oeste de Minas Gerais, Clésio disse, ainda ao O Espeto, que contratou um escritório de advocacia com experiência na área política e digital para “dar a oportunidade do sindicato provar que pratica os atos antidemocráticos.
“Tudo o que fiz para Ouro Preto foi esquecido? Será que o Clésio enlouqueceu? Fui professor da UFOP há tantos anos. Na época da reestruturação universitária, eu era chefe do Departamento de Controle e Automação. Nós tínhamos 30 alunos em um curso. Quando terminou a reestruturação, nós criamos mais dois cursos: Engenharia Mecânica e Arquitetura e Urbanismo. De 30 alunos que ingressavam por semestre, passou a ter 72 por curso, então dá mais de 200 alunos. Foi um dos departamentos que mais cresceu no Brasil. Será que foi na mão de um terrorista? De um vândalo? De um bandido?”, questionou Clésio.
O ex-professor da UFOP foi candidato a prefeito de Ouro Preto em 2020 pelo partido Democracia Cristão, ao qual ele julga ser de centro-direita. “Tem um pedacinho da esquerda que nós toleramos, é equilíbrio”, afirmou ao O Espeto. Clésio teve 806 votos no pleito eleitoral, o que corresponde a 1,9% do total, ficando à frente apenas de Suely Xavier, do PSOL, que teve 797 votos (1,88%).
Clésio acredita que o episódio envolvendo seu nome trata-se de um “assassinato de sua reputação política”, pois é declaradamente de direita. Ele, no entanto, não se vê como um radical. “O que me impede de lutar por Deus, pátria, família e liberdade? Eu não tenho esse direito?”, questionou.
Por fim, o ex-professor da UFOP relata que ele e sua família tem sofrido ameaças em Ouro Preto. “Tem pessoas agredindo os meus filhos e ameaçando a minha família. Tem gente me proibindo de morar em Ouro Preto. Tem gente que fala ‘nada que uma visitinha na casa dele não resolva a situação’. Eu estou sendo ameaçado de morte”, finalizou, em entrevista ao O Espeto.
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Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
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