Enchentes em Mariana: atingidos cobram indenização e obras em reunião com prefeitura

Enchentes em Mariana: indenização e obras são cobradas por atingidos em reunião com a prefeitura

Na tarde do último dia 12, moradores da Travessa Monsenhor Rafael Coelho, em Mariana, sofreram com graves enchentes, perdendo grande parte de seus bens. Desde então, eles estão tentando reconstruir seus lares e rafazer suas vidas. Para tentar apresentar respostas para quem sofreu, nesta quinta (23) a Prefeitura de Mariana convocou uma reunião com os atingidos, a fim de apresentar quais as ações reais que o poder público irá tomar.

PROMESSA DE OBRA

A reunião desta quinta reuniu vereadores, secretários e o prefeito interino Edson Agostinho. A presença massiva dos membros do executivo e do legislativo da cidade se deu para anunciar algumas medidas que serão tomadas no sentido de assistir a população atingida.

Poder público prestou esclarecimentos à população. Foto: Igor Varejano

Aliás, a primeira delas foi anunciada pelo atual Secretário de Obras da cidade, Leonardo Rodrigues. Ele, munido de uma documentação entre os braços, anunciou que o projeto para as obras agora está completo, e já está em vias de ser licitado. Esta obra está sendo cobrada há anos tanto pelos moradores quanto por membros do legislativo. De acordo com uma das habitantes da Travessa, no momento da última enchente, um procedimento estava sendo feito e contribuiu para a elevação do nível da água, que foi maior que os transbordamentos anteriores.

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“Este projeto que está em minhas mãos agora está completo, ele trata desde a bacia até o lançamento do córrego. Mas porque ele não está licitado hoje? Como a gente teve que rever os valores, que ficaram defasados, a minha equipe trabalhou nisso, então nos próximos 15 dias eu acredito que já esteja todo revisado e a gente possa encaminhar para ser licitado. Vai dar tempo de fazer antes da próxima chuva, se Deus quiser” – Disse Leonardo aos atingidos na reunião.

RESARCIMENTO E ASSISTÊNCIA

As ações que as secretarias tomaram no dia do incidente foram detalhadas na reunião. Desde o apoio com a limpeza e a retirada de pessoas, até a distribuição de mantimentos nas últimas semanas. Outro ponto importante da reunião foi o momento que o Assessor da Secretaria do Desenvolvimento Social, Juliano Barbosa, falou sobre a indenização que a Prefeitura irá pagar aos atingidos. De acordo com ele, desde o momento do transbordamento, o poder público já está cadastrando as pessoas para entender qual o tamanho das perdas para cataglogar e direcionar os recursos.

A Secretária Danielly Alves, em entrevista ao Jornal Galilé, reafirmou que o processo da indenização não deve demorar e datalhou como deve ser o procedimento:

“O primeiro passo que a gente tem que fazer é um cadastro. E tem que ser preenchido de forma bem correta. E é por isso que como colocado aqui a gente fez esse recadastro mais de uma ve, com os técnicos do CRAS de referência, que é o Morada do Sol. Isso para que as famílias justamente nesse momento não esqueçam de listar nada. A partir dessa listagem vai ter avaliação que será montada pela prefeitura junto com a vigilância sócio assistencial, para avaliar o dano individual de cada família. O segundo passo é o prefeito destinar o recurso, aprovar na câmara o repasse para que as famílias sejam contempladas. Acreditamos que na semana que vem finalizamos esse cadastro para que esse estudo possa estar apresentando ao executivo para que o mesmo confeccione o projeto encaminhem para a câmara” – relatou Danielly.

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No entanto, uma das atingidas, Vitória Sacramento, questionou os presentes, afirmando que os cadastros foram feitos com a água presente e que, só foi possível entender realmente o tamanho das perdas após o nível das enchentes baixar. Além disso, ela observa que os danos da chuva não são quantificáveis:

“Foi dito que não vai demorar, né? Mas não vai demorar quanto? Quanto tempo que a gente vai ter que esperar? Quanto tempo que as famílias vão ter que esperar? O valor não foi definido hoje. Eles não falaram sobre questão do valor, então a gente não sabe também o que que vai dar para comprar, o que vai dar para repor. Lembrando que a gente tá falando aqui são dos danos materiais, mas e o que que o imaterial ? E a nossa dignidade que foi afetada? E a nossa memória, memória da nossa família que foi perdida durante a chuva?” disse Vitória em entrevista ao Jornal Galilé.

ENCHENTES NÃO SÃO RARIDADE

Todos prestaram esclarecimentos as famílias e algumas das falas chamaram a atenção de quem assistia. Por exemplo: ex-prefeito e atual parlamentar Ronaldo Bento pediu desculpas mais de uma vez às pessoas, dizendo que existiu sim um erro por parte do poder público, mas ainda sim não disse que o erro era somente da sua gestão ou a de Edson, mas sim de todas, que não realizaram a obra que poderia dar um fim no problema.

Isso porquê não é a primeira vez que os moradores da Travessa Monsenhor Rafael Coelho sofrem com enchentes graves. Nozinho Cesário Ramos, que reside por lá há mais de 50 anos, já fez diversas reclamações com o poder público.

“É a terceira vez que eu perdi tudo lá. A primeira vez que eu estive na Prefeitura o prefeito Juliano prometeu fazer um belo serviço para nós lá, quando passou 2 meses eu retornei lá e ele me falou que tinha que precisava de um projeto para dar andamento. Quando passou um ano torna a ter outra chuva e eu perdi tudo de novo”

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Por isso, uma das maiores reclamações dos atingidos é exatamente a maneira com que o poder público lida com a situação. De acordo com Vitória, a Prefeitura chega com ações emergenciais, paliativas, mas sem uma postura definitiva. Todavia, existe o cuidado com a limpeza das casas e apoio aos atingidos, mas nenhuma ação que interrompa a recorrência do problema. Contudo, ela também afirmou que nunca havia tido essa conversa direta com os membros do legislativo e executivo, e que uma promessa de obra através de projeto nunca havia sido feita.

DURA REALIDADE DOS ATINGIDOS

Logo após a fala dos secretários e vereadores, o microfone foi aberto para os atingidos. Foi neste momento em que a calamidade que essas pessoas estão passando foi exposta. Nozinho, por exemplo, afirmou ter perdido além dos móveis, dois carros na enchente. De acordo com ele, os prejuízos desta última foram os maiores de sua vida.

“Na primeira enchente eu fiz um empréstimo para comprar tudo que eu tinha pedido de 10.000. Aí deu a segunda chuva, perdi tudo de novo e eu já tô pagando o empréstimo da primeira. Agora perdi os móveis da minha casa dos dois carro velho que eu tinha encheran tudo de lama. Nessa última enchente chuto mais ou menos uns 30, 40 mil. Então os dois carros que eu perdi, geladeira ,televisão, liquidificador, sofá, cama, dois tanquinhos de lavar roupa…Infelizmente quem tá sendo prejudicado é a gente” disse Nozinho ao Galilé.

Por conta do grande fluxo de água, cerca de 30 famílias sofreram com perdas grandes. Por isso, algumas ficaram inclusive sem ter lugar para dormir. Duas delas estão até hoje dormindo no Centro de Convenções. Muitos perderam equipamentos de cozinha e alimentos. A Prefeitura então destinou duas alimentações prontas por dia para cada família.

Na reunião, era possível observar muitas pessoas com abatimento e tristeza por parte dos atingidos, mas também uma esperança, por ver a Prefeitura preocupada com ações definitivas. Essa mescla de sentimentos foi confirmado pela Vitória:

“É que são coisas que a gente já ouviu em outras reuniões. São promessas que nós já escutamos em outras situações, em outros anos. Mas também a gente consegue ver que dessa vez a prefeitura está se responsabilizando. Eles não estão só colocando a natureza como culpada.”

Nos próximos dias, projetos devem passar pela Câmara Municipal de Mariana para atender os atingidos pelas enchentes. Acompanhe a cobertura aqui no Galilé.

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