A Expo Mariana, que acontecerá de quinta-feira (5) a domingo (9), foi motivo de discussão na Câmara Municipal na segunda-feira (3). Os empresários da cidade se sentiram lesados por não terem sido convidados a participar do evento que é subsidiado pela prefeitura. No último fim de semana, houve até a assinatura de uma nota de repúdio, assinada por quatro estabelecimentos do ramo de bares e entretenimento: Fábrica Pub, Mineiríssimo Bier, 12 Society Bar e Point 07. O processo de licitação para a estrutura do festival foi vencido pela Épico Eventos, de Belo Horizonte, que entrou em contato com a Brenner & Eventos, que afirma ter cadastro na Primaz de Minas, para a realização do serviço de bebidas no camarote.
De acordo com o representante da Fábrica Pub, Arthur Moreira, que emprega 30 pessoas em Mariana de forma direta, o intuito da nota foi de provocar uma reflexão por parte dos poderes Executivo e do Legislativo para que os eventos subsidiados pelo poder público deem apoio ao comércio local.
“Todos têm a ciência que Mariana passa por diversos eventos e eles tiram a gente das nossas casas. Então, nada mais justo que nos darem a oportunidade de também estarmos lá. Não houve convite para os comércios locais. Não estou falando da Expo Mariana, pelo contrário, a gente espera que ela aconteça, não queremos estar lá agora. A gente só espera que nos próximos que tenhamos a oportunidade de também estarmos lá. Nós entregamos o ano inteiro. Vocês (vereadores) não ficam falando que a Renova precisa contratar pessoas locais? Então, quando houver um evento, vamos dar oportunidade para os comércios locais, nada mais justo do que isso”, manifestou.
Outro empresário que também assinou a nota, Kenneth Matos, representante do Mineiríssimo Bier, que emprega 20 pessoa, reforçou que ficará com o seu estabelecimento vazio no fim de semana, o que vai gerar numa quebra de faturamento que causará grande impacto em seu orçamento.
“Até onde eu li, o processo licitatório faz um processo global, não seleciona processo para camarote ou para praça de alimentação. Se as empresas que competentes para esse tipo de evento são aptas e fazem, mas há o fomento da contratação de comércio local. Eu não fui contactado. Até procurei, mas não fui. Conversando com os outros quatro empresários que fomentaram essa nota, nenhum deles também foi contactado. Eu vou para o evento, porque eu sei que minha casa estará vazia na sexta, no sábado e no domingo. A gente se sentiu lesado no sentido de não ter sido consultado a colocar uma tenda lá”, reforçou.
O secretário de Governo, Edvaldo Andrade, explicou que houve uma licitação para explorar o camarote e a praça de alimentação, pois a prefeitura não pode fazer esse serviço. Segundo ele, a empresa vencedora é marianense e as barquinhas estão sendo ocupadas por comerciantes locais. “O poder público não quer lesar ninguém. No jardim, quase todo fim de semana tem grandes eventos”, disse.
A vereadora Sônia Azzi (DEM) contou que foi marcada na nota de repúdio e pediu maior divulgação da licitação para que os comerciantes locais possam participar. “Eu sou a favor do comércio de Mariana, vamos tentar melhorar essa divulgação, essas licitações e estou com vocês (comerciantes)”, comentou.
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Outro lado
O representante empresa que vai fazer o serviço de bebidas do camarote da Expo Mariana, Diego Brenner, explicou que a empresa que ganhou a licitação entrou em contato com ele e que, depois disso, as pessoas foram procurar a prefeitura. Diego disse ainda que não teria como ligar para cada cada empresário para perguntar se havia interesse em participar.
“Quando temos interesse em alguma coisa, temos que correr atrás antes e não depois. Aí eu me deparo com uma nota de repúdio e o que eu sinto é que estou tentando fazer um trabalho bacana na cidade e ficamos assustados. O que meus clientes vão pensar? Meus clientes que vão movimentar o camarote. Eu tive que receber uma nota no meu celular, sendo que nenhum dos quatro comerciantes me procuraram. Todas as pessoas que estão procurando a Épica e a Brenner estão fazendo parcerias, amanhã tem reunião com o operador do bar e com os comerciantes que procuraram. Todas as bandas do camarote são locais”, relatou.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Mariana, Pedro Eldorado, o Município tratou o evento como deveria, dentro da Lei 8.666, de licitações e contratos. Ele também pediu para que os empresários da cidade se cadastrem no Município para terem direito à participação de qualquer processo licitatório.
“Um ganhou o processo licitatório que foi feito da forma correta. Os outros que estão aí respeito e sei da capacidade de cada um, mas existia um processo licitatório que tem que ser respeitado por quem ganhou e por quem perdeu para o Município mostrar que fez a sua parte. Não existiu uma proposta para que todos pudessem participar, ele (Município) fez a parte integral. Foi publicado para interesse de qualquer um participar. Ao invés de sair com a nota de repúdio, poderiam tentar um tratamento direto para que houvesse uma condição de acordá-los dentro da exposição”, declarou.
O representante da empresa vencedora da licitação, Thiago Celim, informou que o processo licitatório foi realizado com antecedência, contudo, só houve a homologação na sexta-feira (30), às 15h, porque houve recurso de outra empresa. Dessa forma, não tinha como procurar ninguém. Ele explica ainda que quem ganha a licitação pode explorar de forma própria o camarote ou pode buscar a terceirização , no caso, foi terceirizado à Brenner & Eventos, que preferiu usar o nome de Wolf em todos os eventos que participar.
“A partir do momento que a Épico teve um prazo tão curto para se programar e mobilizar sua estrutura, contratar montadores e seguranças, organização e logística, é muito estranho os comerciantes dizer que estão chateados porque eles não foram procurados, sendo que eles também não procuraram ninguém. A pessoa que terá uma barraquinha lá é de Mariana. Ela manifestou interesse, ela procurou e a barraquinha dela estará lá. Mas as pessoas querem ficar dentro dos seus estabelecimentos, sentados e aguardando convite, não é assim que funciona na vida. Licitação é assim, você publica, está lá, quem quiser participar, participa”, disse Thiago.
Sobre a possibilidade da Prefeitura de Mariana fazer licitações segmentadas para atender a todos, Thiago disse que, por se tratar de vários contratos, seria mais difícil para o poder público fiscalizar. Ele lembra ainda que vários eventos são feitos no centro da cidade, o que beneficia alguns empresários e outros não.
“Quando se faz um evento dentro da jardim, você prejudica o trânsito, moradores e muitas outras pessoas, mas quem está lá dentro vai ganhar o seu dinheiro e nesse momento eles estão calados. São dois eventos grandes em Mariana que são feitos na Mina Del Rey, para eles, as coisas funcionam de uma certa maneira. Entendo os pleitos que foram trazidos, mas a forma com que foi feito isso, deixou obscuro a explicação. Tem formas de reclamar sem prejudicar o evento e as empresas ganhadoras”, reforçou.
Por fim, o representante da Épico Eventos disse que as portas estão abertas para quem quiser conversar sobre algum ponto de venda no evento, porém, que as decisões relativas À estrutura, ao camarote e ao lounge já foram tomadas. No momento, existem outros espaços disponíveis.
A nota de repúdio foi apagada das redes sociais das empresas de Mariana, após a reunião da Câmara Municipal na segunda-feira.
Jornalista graduado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), tendo passagens pelo Mais Minas, Agência Primaz e Estado de Minas.
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