Reconhecida mundialmente por suas construções históricas e cultura, Ouro Preto é também sinônimo de belezas naturais com as quais seus moradores são acostumados e que encantam turistas de todas as partes. Montanhas e serras compõem as paisagens de fotos replicadas diariamente nas redes sociais. Nem sempre presente nas imagens viralizadas, a água é outro símbolo do município. Ao todo, cinco rios têm suas nascentes em Ouro Preto: rios das Velhas, Piracicaba, Gualaxo do Norte, Maynart e ribeirão Funil. Segundo catalogação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semads), há 46 cachoeiras e 26 quedas d´água distribuídas pela sede e seus 12 distritos.
“É um cenário privilegiado e motivo de orgulho para a população ouro-pretana, do qual compartilhamos”, diz o superintendente da Saneouro, Evaristo Bellini. Mas ele lembra que toda essa água pode acabar. Imprescindível à vida humana, o recurso tem literalmente secado nas fontes pelas mais diferentes regiões do planeta. Projeção feita pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 2023, aponta que até 2050 entre 1,7 bilhão e 2,4 bilhões de pessoas serão afetadas pela crise hídrica em todo o mundo.
Leia também:
- Subcomitê Nascentes da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas visitam Grupo Irmãos Machado
- ‘Caminhada para elas’: evento promove percurso de Ouro Preto até a Cachoeira das Andorinhas
Na região Centro-Sul do Brasil, onde localiza-se Ouro Preto, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que entre março e maio de 2021 foi registrada redução de 267 quilômetros cúbicos (267 bilhões de litros de água) no volume de água existente em rios, lagos, solos e aquíferos em relação à média dos últimos 20 anos. Em maio de 2023, a Organização Meteorológica Mundial adicionou outro ingrediente a este cenário ao alertar que o planeta atravessará, até o ano de 2027, um período de temperaturas altas inéditas que levará, entre outras questões, a queda considerável de chuvas no Brasil.
Os impactos da escassez hídrica, segundo estudiosos, são os mais diversos e representam graves riscos para os meios de subsistência, principalmente à segurança alimentar, à saúde pública, à integridade ambiental e ao acesso à eletricidade. “Estes são números alarmantes e que apontam a necessidade urgente de todos nós repensarmos a relação com a água no dia a dia. Precisamos cuidar disso agora para que as futuras gerações possam ter o recurso disponível”, afirma o superintendente da Saneouro.
O consumo racional da água no dia a dia, com medidas simples como banhos curtos e fechar as torneiras ao lavar louças ou escovar os dentes, é imprescindível. Mais que isso, trata-se de medidas que podem ser adotadas por cada cidadão. As empresas envolvidas com os processos de produção e distribuição de água potável, como a Saneouro, também têm seu papel. “Nós precisamos estar atentos à tecnologia disponível e aos investimentos necessários e adequados para enfrentar este cenário”, diz.
Ele cita que a ampliação do reúso de água é uma das soluções e que esta tecnologia chegará a Ouro Preto com a inauguração da Estação de Produção de Água de Reúso Osso de Boi, unidade que vai tratar 100% do esgoto coletado na sede do município e cujas obras, autorizadas no último dia 26 de fevereiro por licenciamento da Superintendência Regional de Meio Ambiente(Supram-MG), devem durar 18 meses. “O reúso diminui o consumo de água potável, conserva os recursos hídricos e reduz a poluição”, destaca.
A escassez hídrica molda o tema proposto pela ONU para o Dia Mundial da Água, celebrado em todo o mundo neste 22 de março: água para a paz. A instituição aborda questões como o desenvolvimento sustentável, a gestão integrada dos recursos hídricos e a promoção da economia circular, todas elas necessárias para atender o direito humano do acesso à água.
Em Ouro Preto, a Saneouro procura mobilizar toda a sociedade ao longo desta semana comemorativa. Está levando estudantes de escolas públicas para conhecer a Estação de Tratamento de Água (ETA) Itacolomi; fará blitz sobre a água em colégio da cidade e está com as inscrições abertas, até 8 de abril, para a terceira edição do Concurso de Redação e Desenho Ambiental de Ouro Preto. Promovido em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, o concurso incentiva estudantes do ensino fundamental e do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) a refletirem sobre a importância da água e a necessidade do uso racional. “Não se trata mais de importância do uso consciente. O que existe hoje é a necessidade, urgente, dele. Precisamos seguir todos juntos por um futuro sustentável”, enfatiza Evaristo Bellini.
Fundado em 1990 por Francelina e Arnaldo Drummond do antigo Instituto de Arte e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), o jornal nascia em meio a uma onda democrática, que inspirava os brasileiros naquele momento. Tendo como objetivo levar informação aos cidadãos ouro-pretanos, o Galilé se diferenciava dos demais concorrentes por ser um jornal de opinião, oferecendo um pensamento crítico acerca da realidade ouro-pretana e brasileira.