Jude Bellingham fez um gol de bicicleta aos 50 minutos de um jogo decisivo da Eurocopa. Ao presenciar esse momento ao vivo- mesmo que na TV, há milhares de quilômetros da Alemanha, na minha cabeça estava claro que este momento passará a ser eternizado na história do futebol. Mesmo sendo um jogo de oitavas de final. Mesmo sendo contra a Eslováquia. Mesmo sendo essa Inglaterra a mais decepcionante equipe da competição. O que Jude fez é o que apenas um panteão muito específico de jogadores é capaz de fazer.
O inesperado é o lugar onde os craques moram. Volte 22 anos no tempo. Neste mesmo dia, em junho de 2002, o Brasil se sagrava pentacampeão do mundo com dois gols de Ronaldo. Mas o primeiro é simplesmente uma ode ao intangível, ao surpreendente. Oliver Khan, o melhor JOGADOR do mundial falha e Ronaldo, ‘sem joelho’, empurra pra rede, abrindo o caminho para o quinto título.
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Aquilo que surge do nada, da habilidade inata e do improviso. Isso é ser um craque. No final das contas, com um futebol tão mecanizado, todos são iguais. Todos tem a capacidade de fazer um bom cabeceio, um bom chute forte. Mas tirar da cartola uma bicicleta, aos 50 minutos de um jogo decisivo, só gênios.
O garoto, nascido em 29 de junho de 2003, quase exatamente um ano após do penta do Brasil, não viu ao vivo Ronaldo fazer o que fez. Nem viu sequer Zidane fazer um gol de voleio em uma final de champions. Não viu Romário classificar o Brasil sozinho em 93. Não viu Van Basteen decidir uma Eurocopa com u m chute fantasma.
Mas privilegiado somos nós, ao ver mais um dos grandes nascendo. 21 anos tem o camisa 5 do Real Madrid e 10 da Inglaterra. São décadas de dominância à frente. E esse momento em que presenciamos hoje, é um dos primeiros momentos eternos da dinastia Bellingham. Só ele hoje no mundo é capaz de fazer o que ele fez.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
