Nesta quinta-feira (02), a Câmara Municipal de Ouro Preto concedeu a medalha Mulher Destaque a Lucimara Costa Resende, ativista dos direitos das prostitutas. Ela faz parte da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG) e possui anos de luta pela causa. Contudo, tornou-se nacionalmente conhecida no dia da posse do presidente Lula, quando sua imagem foi usada de forma intencional para associá-la à primeira-dama Janja em grupos e páginas bolsonaristas.
A entregua da medalha será na quarta-feira, dia 08 de março, às 17h, na 1ª Sessão Solene de 2023 da Câmara. O Jornal Galilé ouviu Lucimara sobre o sentimento que esta medalha causa e como a sua luta pode ser encarada no país.
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RECONHECIMENTO E PROPAGAÇÃO DA VOZ
A associação da qual Lucimara faz parte, APROSMIG, já possui quase 15 anos de fundação e se define como agente de direitos ao trabalho, promoção da cidadania, combate à violência de gênero, putafobia, exploração sexual de crianças e adolescentes, violência contra a mulher e ao tráfico de pessoas. Além disso, tem uma importante atuação como agente de saúde, segurança pública e cultural. A organização possui inclusive canais de informação, como a série de podcasts intitulada “Rádio Vozes da Guaicurus”, uma realização da APROSMIG em parceria com o Fundo Positivo.
A luta das prostitutas pelos seus direitos é histórica e está relacionada à busca pelo reconhecimento de sua profissão como uma atividade legítima e legalizada. Ao longo dos anos, as prostitutas têm enfrentado diversos desafios, como a violência, o estigma e a marginalização social. A falta de proteção legal e o preconceito muitas vezes as deixam em situações de vulnerabilidade, tornando-as vítimas de violência e exploração. Por isso, ao citar sua medalha, Lucimara não se esquece da importância de sua vivência como profissional do sexo na construção de sua identidade:
“Eu encaro essa medalha como reconhecimento de todas as profissionais do sexo, não só de Ouro Preto, mas do Brasil e do mundo. E escuta só: atualmente eu sou estudante de inglês e o mundo inteiro vai ouvir a minha voz”
Disse ao Jornal Galilé.
MAIS AMOR, MENOS PRERECONCEITO
A luta das prostitutas pelos seus direitos é histórica e está relacionada à busca pelo reconhecimento de sua profissão como uma atividade legítima e legalizada. Ao longo dos anos, as prostitutas têm enfrentado diversos desafios, como a violência, o estigma e a marginalização social. A falta de proteção legal e o preconceito muitas vezes as deixam em situações de vulnerabilidade, tornando-as vítimas de violência e exploração. No entanto, as prostitutas têm se organizado em associações e coletivos, como a APROSMIG, para lutar pelos seus direitos e pela valorização de sua atividade.
Por isso, para ela, o caminho reconhecimento das prostituas passa pelo Brasil encarar sua luta com “mais amor e menos preconceito”. Afinal de contas, ela afirmou que já passou por diversos casos de discriminação, mas busca se afirmar enquanto corpo político para enfrentar os desafios.
“Eu já sofri, hoje eu não sofro mais porque eu me amo, e quando a gente se ama, não se importa com o que as pessoas falam.”
relatou ao Galilé.
JUSTIFICATIVA DA MEDALHA
A ideia da medalha é do vereador Wanderley Kuruzu (PT-MG). No texto que concede a honraria, o parlamentar conta um pouco de sua história. O fato dela morar em Ouro Preto e a relevância de sua luta são as justificativas para a medalha.
Por isso, o texto conta que Lucimara saiu de casa aos 18 anos, e sem ter onde morar, parou na zona boêmia de Belo Horizonte. A partir daí, passou por diversos desafios e conhecendo de perto a realidade das profissionais do sexo da capital mineira, começou a frequentar reuniões da APROSMIG.
Após anos de luta, em 2019 se assumiu como militante da causa, se filiando ao PC do B graças a um convite do partido. Desde então, realiza diversas ações no sentido de fazer a sociedade refletir sobre seus direitos. Atualmente está filiada ao PT.
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OFENSAS À PRIMEIRA DAMA
Por causa de sua semelhança com a primeira-dama, Lucimara teve sua vida virada de cabeça para baixo. Tudo começou quando ela foi até a posse de Lula, e posou para uma foto de langerie, com uma placa com os dizeres: “Puta também é gente. APROSMIG presente. Lula presidente”. A partir desta imagem, grupos de ódio passaram a acusar Janja de ser prostituta.
Inclusive, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, chegou a comentar a semelhança entre as duas.
Ao Galilé, Lucimara revelou que não vê absolutamente nenhum problema em ser comparada à Janja:
“Eu não me importo em hipótese nenhuma em ser comparada a primeira dama Janja. Eu tenho orgulho em ser parecida com uma mulher tão linda e inteligente quanto ela”
Finalizou ao Galilé.
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Jornalista formado pela Universidade Federal de Ouro Preto, com passagens por Esporte News Mundo, Blog 4-3-3 e Agência Primaz.
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